sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Empresa de Marin recebeu US$ 1,5 mi de propina da Copa América, dizem EUA

Por Martín Fernández, Nova York
07/12/2017 21h40  Atualizado há 9 horas

Uma empresa do ex-presidente da CBF José Maria Marin e de sua mulher, Neuza Marin, recebeu US$ 1,5 milhão que, segundo os promotores americanos que atuam no "Caso Fifa", seria dinheiro de propina relacionada à venda dos direitos de transmissão da Copa América. Os pagamentos ocorreram em 2013, quando Marin era presidente da CBF.
Os documentos que ligam Marin ao dinheiro foram exibidos pela primeira vez nesta quinta-feira, durante o julgamento do cartola no "Caso Fifa". Os promotores reproduziram todo o caminho do dinheiro. Marin não quis comentar. Durante todo o julgamento, sua defesa tem negado que ele recebeu suborno.
Ex-presidente da CBF, José Maria Marin cumpre prisão domiciliar em Nova York (Foto: Reuters)
Ex-presidente da CBF, José Maria Marin cumpre prisão domiciliar em Nova York (Foto: Reuters)
Em 5 de julho de 2013, a empresa FTP transferiu US$ 3 milhões do banco Julius Baer, na Suíça, para uma conta da empresa Support Travel no Andbanc, em Andorra. A Support Travel pertence ao empresário Wagner Abrahão, que há décadas presta serviços de logística para a CBF.
A FTP é uma offshore que pertencia a Torneos y Competencias, empresa argentina que em 2013 dividiu os direitos de tranmissão de quatro edições da Copa América (2015, 2016, 2019 e 2023) com a Traffic e a Full Play.
Delatores dessas três empresas contaram no Tribunal Federal do Brooklyn que esse contrato foi obtido por meio do pagamento de propina. Só para dirigentes da CBF, o combinado era que fossem dados US$ 3 milhões para cada edição do torneio, além de US$ 3 milhões pela assinatura do contrato.
Nos dias 12 de julho, 27 de agosto e 15 de outubro de 2013, uma outra empresa de Abrahão (Expertise Travel), com conta no mesmo Andbanc em Andorra, fez três transferências – cada uma delas no valor de US$ 500 mil – para a empresa Firelli International Ltda.

Documentos exibidos no Tribunal Federal do Brooklyn mostraram que a Firelli pertence a José Maria Marin e a Neuza Marin, sua esposa. Em 2012, eles abriram uma conta no banco Morgan Stanley. A mesma conta recebeu o dinheiro que chegou de Andorra.
Steve Berryman, investigador da IRS (equivalente a Receita Federal Americana), detalhou um extrato bancário da Firelli, dos meses de março e abril de 2014. Só no mês de abril, um cartão de débito dessa conta registrou gastos de US$ 118.220,49. Em março de 2014, foram registrados gastos de US$ 30.310.
Segundo os extratos exibidos no tribunal, Marin fez compras na loja de roupas Hermes, em Paris, no valor de US$ 20.977,15. Em abril, sua conta bancária registrou um débito de US$ 55.000,00 na joalheria Bvlgari, em Las Vegas. Há um outro registro de gastos na loja Chanel, em Nova York, no valor de US$ 10.070,94.
O depoimento do investigador da IRS Steve Berryman vai continuar nesta sexta-feira, e provavelmente novos detalhes sobre os pagamentos feitos a dirigentes serão apresentados. Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira, que também são acusados de crimes no "Caso Fifa", não foram citados nesta quinta-feira. Tal qual Marin, recusam as acusações e afirmam ser inocentes.

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