Documento foi apresentado por defesa do Juventude ao tribunal, que apura possível escalação irregular de Carlinhos. Procurador e dirigente citados falam em falsificação
Carlinhos, lateral-direito do Juventude na Série C do Campeonato Brasileiro (Foto: Arthur Dallegrave / E.C.Juventude)
O Tombense protocolou nesta sexta-feira no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) uma manifestação na qual contesta um recibo apresentado como prova pelo Juventude no processo envolvendo o lateral-direito Carlinhos e o clube Neópolis. E o caso pode extrapolar a esfera desportiva. O GloboEsporte.com ouviu as pessoas que supostamente assinam o documento e ambas afirmam que irão às autoridades apresentar queixa-crime contra a diretoria do Juventude. O presidente do clube gaúcho, Roberto Tornello, avisou que o Juventude não se pronunciará sobre peças do processo.
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- Isso está com o departamento jurídico do clube e não vamos nos manifestar sobre peças do processo. Só depois de julgado isso. Qualquer declaração pode ser usada contra nós.
Informado que as pessoas que constavam no documento pretendiam ir à polícia prestar queixa, o presidente limitou-se a dizer:
- Não tenho conhecimento sobre isso.
Os clubes aguardam decisão do procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua. Ele ainda não anunciou se denunciará ou não o clube gaúcho pela suposta escalação irregular do jogador na Série C do Brasileiro - a perda de pontos classificaria o Tombense para as quartas e uma eventual condenação poderia beneficiar ainda o São Paulo, eliminado pelo Juventude na Copa do Brasil. Bevilacqua tomou uma medida incomum de ouvir as partes antes de tomar uma decisão final sobre a denúncia. A reportagem tentou contato com o procurador-geral nesta sexta-feira, sem sucesso.
O recibo é de uma suposta transação de cessão de dois carros em troca dos direitos sobre o jogador pelo Neópolis, clube cujo presidente, Paulo Neves dos Santos, nega ter assinado o documento ou ter aceitado um Civic 2007 e um Gol fabricado em 2008, com modelo 2009. A outra pessoa que tem nome e assinatura no recibo é Augusto Célio França Cruz, que era procurador de Carlinhos. Mas ele também afirma que a assinatura não é sua. Outro detalhe é que as duas pessoas aparecem ainda com o mesmo CPF no documento.
Ambos enviaram ao GloboEsporte.com documentos nos quais constam suas respectivas assinaturas e há algumas diferenças visíveis. No entanto, não há qualquer laudo legal constatando falsificação até o momento. Os veículos estão no nome de uma pessoa física e de uma empresa do ramo de alimentos que, por ora, não têm qualquer relação com o inquérito na área desportiva.
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- Isso está com o departamento jurídico do clube e não vamos nos manifestar sobre peças do processo. Só depois de julgado isso. Qualquer declaração pode ser usada contra nós.
Informado que as pessoas que constavam no documento pretendiam ir à polícia prestar queixa, o presidente limitou-se a dizer:
- Não tenho conhecimento sobre isso.
Os clubes aguardam decisão do procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua. Ele ainda não anunciou se denunciará ou não o clube gaúcho pela suposta escalação irregular do jogador na Série C do Brasileiro - a perda de pontos classificaria o Tombense para as quartas e uma eventual condenação poderia beneficiar ainda o São Paulo, eliminado pelo Juventude na Copa do Brasil. Bevilacqua tomou uma medida incomum de ouvir as partes antes de tomar uma decisão final sobre a denúncia. A reportagem tentou contato com o procurador-geral nesta sexta-feira, sem sucesso.
O recibo é de uma suposta transação de cessão de dois carros em troca dos direitos sobre o jogador pelo Neópolis, clube cujo presidente, Paulo Neves dos Santos, nega ter assinado o documento ou ter aceitado um Civic 2007 e um Gol fabricado em 2008, com modelo 2009. A outra pessoa que tem nome e assinatura no recibo é Augusto Célio França Cruz, que era procurador de Carlinhos. Mas ele também afirma que a assinatura não é sua. Outro detalhe é que as duas pessoas aparecem ainda com o mesmo CPF no documento.
Ambos enviaram ao GloboEsporte.com documentos nos quais constam suas respectivas assinaturas e há algumas diferenças visíveis. No entanto, não há qualquer laudo legal constatando falsificação até o momento. Os veículos estão no nome de uma pessoa física e de uma empresa do ramo de alimentos que, por ora, não têm qualquer relação com o inquérito na área desportiva.
(Foto: Infoesporte)
Segundo a notícia de infração entregue pelo Tombense ao STJD no dia 24 deste mês, o atleta atuava através de uma liminar obtida em maio, mas em agosto desistiu da ação, tornando, segundo a tese do clube mineiro, irregular o contrato com o Juventude e reativando o vínculo do atleta com o Neópolis. Como o jogador seguiu sendo relacionado, o Tombense busca uma punição para o time gaúcho, que ficou na quarta colocação do Grupo B. Caso o Juventude perca pontos, o Tombense, que terminou na quinta posição, um ponto atrás, seria o maior beneficiado e avançaria às quartas de final. O jogo de ida entre Juventude e Fortaleza está marcado para 3 de outubro, no Alfredo Jaconi.
A apresentação do recibo como prova mostraria que Carlinhos estava liberado pelo Neópolis para assinar com o Juventude. O advogado do Tombense, Marcelo Ribeiro Mendes, contesta na manifestação a transação alegando que o jogador já havia sido liberado por uma liminar no dia 13 de maio e o recibo tem data do dia 18. Logo, diz não haver motivo para que fosse feito um pagamento pela liberação que já havia sido concedida.
- O procurador resolveu escutar os lados após a notícia de infração, o que é incomum, mas não tem nada que proíba. Como o Juventude apresentou esse documento que acabaria com a nossa tese, a gente fez questão de se manifestar porque tínhamos conhecimento de que não havia documento assinado pelas pessoas que estavam ali. Na própria manifestação do Juventude há várias coisas que mostram que eles tinham conhecimento de tudo.
O advogado questiona os motivos da negociação descrita no recibo:
- Eles fizeram proposta ao jogador no dia 12, e o jogador era do Neópolis. Alegam que fizeram uma proposta no dia 12 porque chegou a informação de que já estaria livre. No dia 13, o jogador consegue a liminar. Então já estava livre. Então, te pergunto: por que o Juventude exigiu que o jogador fizesse um acordo com o clube para liberar o vínculo se o próprio jogador já estava liberado a partir do dia 13? Não faz nenhum sentido.
Ele confirma que o tema é abordado na manifestação oficial do Tombense:
- Fico um pouco com pé atrás de falar em falsificação, porque não é a minha assinatura, nem a de ninguém do Tombense. Mas como as pessoas que estão no documento negaram que seja a assinatura deles, estamos falando isso na peça. Então, fica um pouco difícil aceitar essa questão.
Célio França, que era procurador de Carlinhos, chamou de "falsificação grosseira" a assinatura com seu nome no recibo apresentado pelo Juventude. Ele enviou ao GloboEsporte.com uma cópia da assinatura em sua identidade.
- É uma falsificação grosseira da minha assinatura. Isso extrapola até a esfera da Justiça Desportiva, é caso de polícia. É crime. Estelionato grosseiro praticado pela diretoria do Juventude. Eu devo entrar com uma queixa-crime em relação à falsificação. A diferença é grande da minha assinatura para a que está lá. Muito diferente - disse.
O presidente do Neópolis, Paulo Neves dos Santos, também negou que a assinatura "grotesca" no recibo seja sua, enviou um documento ao GloboEsporte.com com a assinatura original, e prometeu igualmente buscar as autoridades:
- Eu vi o documento, é grotesca a assinatura. Eu não mexo com agência de carro. Não ia trocar jogador por carro. É muito grotesca a assinatura. Vou procurar meus direitos. Não assinei documento nenhum. Isso é caso de polícia, vou prestar queixa.
Carlinhos desiste de ação trabalhista contra Neópolis o que, para a defesa do Tombense, tornou o acordo entre o jogador e o Juventude irregular (Foto: Reprodução )
Cronologia do caso:
14 de abril de 2014 - Data de início do contrato de Carlinhos com o Neópolis, válido até abril de 2019
12 de maio - Juventude faz proposta a Carlinhos e dá prazo até 18 de maio para receber resposta. Advogado do jogador entra com ação na Justiça
13 de maio - Carlinhos consegue na Justiça uma antecipação de tutela que o libera do contrato com o Neópolis
18 de maio - Justiça do Trabalho confirma antecipação de tutela e concede liminar liberando Carlinhos do contrato com o Neópolis
27 de maio - Carlinhos é apresentado pelo Juventude para a disputa da Série C do Brasileirão
1º de junho - Nome de Carlinhos aparece no BID e jogador pode estrear pelo Juventude
3 de agosto - Carlinhos desiste da ação para se desligar do Neópolis e processo é extinto. Tombense alega que, ao desistir da ação, contrato do jogador com Neópolis voltou a valer e contrato com Juventude passou a ser irregular.
11 de setembro - Carlinhos entra em campo pelo Juventude contra o Macaé, pela 17ª rodada da Série C
24 de setembro - Tombense aciona o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) alegando escalação irregular de Carlinhos. Juventude diz que recebeu aval jurídico para escalar Carlinhos e que jogador está em situação regular
27 de setembro - STJD abre prazo para o Juventude apresentar esclarecimentos, mas nega pedido para interromper a Série C
29 de setembro - Termina o prazo para o Juventude prestar esclarecimentos à Procuradoria do STJD
30 de setembro - Tombense entra com manifestação formal contestando provas apresentadas pelo Juventude no STJD
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