quarta-feira, 12 de abril de 2017

"Acusado de pedofilia prometia uma vaga em time grande", diz delegado

Técnico de time de base que foi preso no ES negou acusações, mas apuração comprova violência sexual. Detido foi indiciado e encaminhado para presídio

Delegado Lorenzo Pazolini, que cuida do caso do técnico preso por pedofilia (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)Delegado Lorenzo Pazolini, que cuida do caso do técnico preso por pedofilia, concedeu entrevista coletiva (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)
Após a prisão do técnico de um time de base acusado de pedofilia no Espírito Santo, o delegado que está cuidando do caso, Lorenzo Pazolini, concedeu entrevista coletiva na Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente (DPCA), para dar mais detalhes do ocorrido (veja também na reportagem da TV Gazeta no vídeo abaixo). De acordo com o delegado, o acusado é José Luís Teixeira Pereira, de 46 anos, que reside em Cariacica (o bairro não foi divulgado), mesmo local dos abusos, que aconteciam na própria casa dele.
A DPCA tomou conhecimento dos fatos no último dia 21 de março, realizou investigações que comprovaram os abusos sexuais e promoveu a prisão do acusado, na tarde desta segunda-feira. A informação foi divulgada em primeira mão pelo blog "Na Base da Bola".
A Polícia afirmou que José Luís Teixeira Pereira era treinador das categorias de base do time 138 Unidos da Vale há oito anos, também se denominava olheiro de times grandes do futebol brasileiro e se utilizava desse expediente para atrair suas vítimas, que são cinco adolescentes com idades entre 12 e 13 anos. Além disso, o acusado prometia dar material esportivo e levar os jovens para fazer testes em times de maior expressão, de fora do Espírito Santo.
- É um caso extremamente grave, de uma pessoa que deveria proteger a criança no dia a dia. É um treinador que começou a praticar atos sexuais com crianças e adolescentes no município de Cariacica. Ele convencia as crianças a dormir na casa dele, alegando que os jogos eram muito cedo e não teria transporte coletivo para levar os atletas para os jogos. Desta forma, durante a noite e a madrugada, ele praticava todo tipo de violência sexual. O perfil é bem idêntico, famílias humildes, simples e que tem no futebol uma esperança de um futuro melhor - afirmou Lorenzo Pazolini.

O delegado Lorenzo afirmou que são cinco as vítimas, três de 13 anos e dois de 12 anos. Uma mãe fez a denúncia, um boletim de ocorrência, de que o filho dela teria sido abusado. Esse garoto treinava na escolinha, que fica no bairro do Ibes, em Vila Velha, em abril de 2016. Em julho do ano passado, o menino foi morar na casa do José Luís, que deu a justificativa para a família de que o jovem não comia e não dormia bem e por isso não estaria se desenvolvendo. Morando com ele, o menino iria comer bem e ter o sono regrado.
O que chamou a atenção dessa mãe foi que ela descobriu que o filho dela teria sido aprovado em um teste no Cruzeiro, de Minas Gerais, porém José Luís afirmou que o garoto não tinha passado nessa avaliação. O delegado afirmou que o acusado dizia ao garoto que se mantivesse relação sexual com ele, poderia conseguir a aprovação nas categorias de base do Cruzeiro. Desta forma, a mãe descobriu o caso e fez a denúncia.
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, em Vitória (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, em Vitória (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)
- Temos inicialmente o relato de cinco testemunhas, que foram ouvidas separadamente, e todas relatam da mesma forma. Ele prometia material esportivo, prometia inserção num time de grande expressão nacional e prometia sucesso na carreira futebolística. Foram apreendidos vídeos de cunho pornográfico no celular do acusado, inclusive com uma das vítimas, ou seja, nós temos um vídeo de cunho pornográfico com uma das vítimas. Apesar de todo o material probatório, ele nega todas as acusações - finaliza o delegado.
O acusado, José Luís Teixeira Pereira vai responder por cinco crimes de estupro de vulnerável, cada um deles com pena de oito a quinze anos de prisão, além do fato de produzir e armazenar cenas ou vídeos de conteúdo pornográfico ou sexual envolvendo crianças e adolescentes (produção - quatro a oito anos / armazenamento - um a quatro anos de prisão). O detido foi indiciado por esses crimes e encaminhado para a Penitenciária Estadual de Vila Velha Cinco (PEVV 5), em Xuri.
O técnico de futebol José Luís Teixeira Pereira foi preso acusado de pedofilia (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)O técnico de futebol José Luís Teixeira Pereira foi preso acusado de pedofilia e indiciado por três crimes (Foto: Richard Pinheiro/GloboEsporte.com)
Acusado se defende
Enquadrado em pelo menos três crimes, José Luís Teixeira Pereira relutou, mas aceitou falar, ainda na Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente (DPCA), antes de ser conduzido ao presídio. O detido fez acusações à mãe que o denunciou e negou que tenha colocado por vontade própria o conteúdo pornográfico contendo menores de idade em seu celular. 
- Estou sendo crucificado, sem poder me defender. Estão sabendo mais da minha vida do que eu. Deixei carregar todos os CD's pra ver, meu celular ficou com eles. Isso aí acabou comigo, a minha preocupação é isso, minha família. Com esse zap (sic) eles baixa um monte de coisa e fica registrado, e no meu celular nem código e senha eu coloco. Tem coisas ali que eu nem conheço, então tem que provar. O menino queria ficar na minha casa, eu deixei, e foi a maior burrice da minha vida fazer isso. Depois foi no Cruzeiro, não deu certo, ficou lá um tempo e essa mulher (mãe) fez da minha vida um inferno, porque esses meninos que eu vi o nome são meninos que ela está induzindo a falar mal de mim - afirmou José Luís.
Cruzeiro diz que o acusado não é empregado do clube
Uma das mães das vítimas relatou que José Luiz Teixeira Pereira fazia promessas de vaga no Cruzeiro, em troca de relações sexuais. Ele se dizia olheiro e que tinha influência no clube, inclusive mandando um dos meninos abusados para fazer testes na Raposa. Por meio da sua assessoria de comunicação, o Cruzeiro afirmou que o acusado não tinha vínculo empregatício com o clube e que apenas indicava jogadores para testes.

- O senhor José Luiz Teixeira Pereira não é funcionário do Cruzeiro Esporte Clube e nem mantém nenhum vínculo de parceria com o Clube. José Luiz apenas indica jovens para jogar em nossas categorias de base, assim como faz com outros clubes do Brasil.

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