segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

África do Sul assinala primeiro aniversário da morte de Nelson Mandela

Com vuvuzelas, sirenes, sinos e megafones, a Fundação Nelson Mandela quer que a África do Sul faça muito barulho esta sexta-feira (05.12), para assinalar o primeiro aniversário da morte do seu fundador.
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A ideia invulgar vai traduzir-se em três minutos e sete segundos de barulho ensurdecedor, seguidos de três minutos de silêncio. No total, a cerimónia durará seis minutos e sete segundos, para simbolizar os 67 anos que Nelson Mandela passou ao serviço da África do Sul, como combatente clandestino, prisioneiro e político.
Para muitos sul-africanos, o som será um grito de alerta. Vinte anos após as primeiras eleições livres no país, a democracia está a ser posta à prova.


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África do Sul assinala primeiro aniversário da morte de Nelson Mandela

Há pouco menos de um mês o partido da oposição Combatentes pela Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês) protagonizou um evento insólito e sem precedentes, no Parlamento sul-africano, com Ngwanamakwetle Mashabela a lançar um ataque verbal contra o Presidente Jacob Zuma. “O Presidente do ANC é o maior ladrão do mundo. Não vou retirar o que disse. Zuma é um criminoso!”, acusou.
Depois de várias chamadas de atenção do líder da Assembleia, um membro do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), a polícia foi chamada a intervir. Uma decisão que chocou grande parte dos deputados.
Agentes armados invadiram o Parlamento e o confronto subiu de tom. O tumulto serviu para unir a oposição do EFF e dos liberais da Aliança Democrática. Ambos falam numa crise constitucional.
África do Sul numa encruzilhada
Isto nunca teria acontecido sob a liderança de Nelson Mandela, diz o ativista Lawson Naidoo. “São imagens que nunca pensamos ver numa sociedade democrática. Estamos numa encruzilhada. Muitas das nossas instituições políticas estão sob pressão, não é apenas o Parlamento”, observa.
Naidoo é o líder do Conselho para o Avanço da Constituição da África do Sul, uma organização que também atraiu muitos membros do ANC que não conseguem exercer uma influência moderadora junto de Jacob Zuma.
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Membros do partido da oposição Combatentes pela Liberdade Económica (EFF)
Recentemente, o Presidente sul-africano protagonizou um escândalo ao gastar dinheiro do Estado para obras de luxo na sua casa de campo. Após uma investigação, concluiu-se que Zuma deveria devolver grande parte desse dinheiro. Mas o ANC interveio, criando um comité que absolveu o líder de qualquer crime.
Para a oposição, o caso foi uma farsa. Lawson Naidoo fala também numa crise e defnede que é necesária “uma liderança abrangente, para construir uma sociedade na base dos valores e princípios da Constituição” sul-africana. “Uma democracia inclusiva, com um Governo transparente e não apenas ter em conta as necessidades do partido no poder ou proteger determinados políticos do escrutínio da lei.”
País tem de “acordar”
geração mais jovem da África do Sul tem uma visão mais relaxada do futuro do país. Para Zama Moyo, estudante de política e relações internacionais da Universidade de Witwatersrand – onde Nelson Mandela esteve inscrito – a África do Sul precisa de “acordar”.
Por isso, os tumultos no Parlamento e o barulho para assinalar o aniversário de Mandela, esta sexta-feira, são sinais positivos. “Parece que a democracia da África do Sul recebeu uma injeção de saúde. Há um interesse renovado na atividade parlamentar. Penso que a democracia está num bom estado”, considera Zama Moyo.
Nem todos os sul-africanos concordariam com o estudante universitário. Mas, um ano depois damorte de Nelson Mandela, a saúde da democracia é certamente o desejo de todos.
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O ícone da liberdade e Nobel da Paz morreu a 5 de dezembro de 2013

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