quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Série C: STJD abre prazo para defesa do Juventude, e torneio não é paralisado

Procurador do STJD, Felipe Bevilacqua estuda denúncia do clube mineiro sobre situação irregular de lateral do Juventude. Advogado do Tombense acusa time gaúcho

Fahel Carlinhos Juventude Série C 2016 (Foto: Arthur Dallegrave / E.C.Juventude)Carlinhos foi contratado pelo Juventude em maio
(Foto: Arthur Dallegrave / E.C.Juventude)
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) não vai paralisar a Série C do Campeonato Brasileiro em razão do pedido do Tombense. No entanto, a procuradoria analisa a notícia de infração apresentada pela equipe mineira, que denunciou o Juventude na última sexta-feira pela suposta escalação irregular do lateral-direito Carlinhos durante a competição nacional. Assim como fezcom a solicitação do Remo, o presidente do STJD, Ronaldo Botelho Piacente, negou a liminar pedida pelo Tombense para interromper a terceira divisão nacional. Porém, o procurador-geral, Felipe Bevilaqcua, recebeu a denúncia do time de Tombos e abriu vistas para que o clube gaúcho e o Departamento de Registros e Transferências da CBF prestem esclarecimentos. As partes têm até quinta-feira, dia 29, para responder ao procurador, que depois desta data decidirá se vai oferecer denúncia.
O Tombense acredita que Carlinhos foi relacionado em duas partidas de forma supostamente irregular pelo Juventude. Contratado em maio pelo time de Caxias do Sul, o jogador atuava resguardado por uma liminar que o liberava do vínculo que tinha com o Neópolis, de Sergipe. Porém, no dia 3 de agosto, durante audiência realizada na 15ª Vara do Trabalho de Propriá, em Sergipe, Carlinhos não compareceu e, conforme o termo de audiência (veja abaixo), desistiu da ação que movia contra o time sergipano. O advogado que representa o Tombense, Marcelo Mendes, argumenta que esta decisão judicial deixou o atleta em situação irregular para jogar.
– Marcaram a audiência para 3 de agosto. O advogado tinha plena ciência e fez o pedido de desistência na véspera. Fez menção a um acordo que não existiu com o Neópolis. Automaticamente, como mostram os autos, a ação é extinta e tudo perde o efeito. A partir do dia 4 de agosto, o contrato em Neópolis voltou a ficar em vigor e foi automaticamente reativado. Ele ficou com dois contratos em vigor, mas o vínculo com o Juventude só nasceu porque o outro estava encerrado – declarou.
Carlinhos movia ação contra o Neópolis, atualmente sem divisão, e cobrava, além do desligamento do clube, salários, INSS e FGTS. Em 12 de maio, o Juventude fez ao jogador uma proposta formal de contrato e deu prazo de resposta até 18 de maio. No dia 17, diante da dificuldade de notificar o clube sergipano, o advogado do atleta pediu antecipação da liberação, que foi concedida no dia seguinte pela Justiça do Trabalho. O jogador foi apresentado em Caxias no fim daquele mês.
– É bom ter em mente dois detalhes: o primeiro, a participação do Juventude desde o início. A proposta do clube gaúcho diretamente ao atleta motivou a juíza a liberá-lo em liminar. O outro detalhe é a entrevista do empresário, em que ele fala com todas as letras que a intenção era desvincular e explodir o contrato, que nem queria receber os salários atrasados. Houve má-fé do Juventude e do empresário – afirmou o representante do clube mineiro.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da CBF, que informou que a Confederação recebeu a notificação do STJD e que vai prestar esclarecimentos dentro do prazo estabelecido. O vice-presidente de futebol do Juventude, Jones Biglia, disse que o departamento jurídico enviou os documentos requisitados e se disse tranquilo quanto a um parecer favorável ao Alviverde. Argumento rebatido por Marcelo Mendes.
– O BID não é uma bolha. O jogador estava no BID, mas não tinha um contrato de trabalho válido com o Juventude desde o dia 4 de agosto. A legislação trabalhista é que deve reger o BID, não o inverso. E tanto o Juventude quanto o atleta sabiam exatamente o que estava acontecendo - disse.
Termo de audiência Carlinhos Neópolis Sergipe Juventude Série C (Foto: Reprodução)Termo de audiência entre Neópolis e Carlinhos, datado de 3 de agosto (Foto: Reprodução)

Após a audiência de 3 de agosto, Carlinhos foi escalado contra o Guarani, em 8 de agosto, pela 12ª rodada. Após esse jogo, o lateral só voltou a ser relacionado nas partidas contra o Macaé, em 11 de setembro, pela 17ª rodada da Série C, e no jogo de volta contra o São Paulo, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, no dia 22, que culminou com a eliminação do Tricolor. No domingo, o diretor-executivo Marco Aurélio Cunha, disse que o São Paulo não será parte interessada, mas acompanhará o caso à distância.
Nessa segunda-feira, o atual empresário do atleta, Denys Pedrosa, garantiu que o jogador está em situação regular no clube de Caxias do Sul.
– O Carlinhos vai se pronunciar com provas no momento oportuno, mas posso adiantar que ele está regular no Juventude. Não há razões para acreditar no contrário. Neste momento é o que posso afirmar. Também não houve desistência, houve acordo com o Neópolis, mas vamos deixar para mostrar as provas no momento oportuno – afirmou Denys.
Na primeira fase da Série C, o Juventude se classificou em quarto lugar no Grupo B, com 30 pontos. O Tombense foi quinto, com 29. Caso escalação de Carlinhos seja considerada irregular, o clube gaúcho poderá ser punido com base no artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê a perda dos pontos em disputa nas partidas em que a escalação irregular tenha ocorrido, além de multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

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