Depois de gerar comoção ao anunciar despedida, craque volta a vestir a camisa da Argentina cercado de carinho e retribui com gol e dribles: "Não poderia não voltar"
Quando anunciou que daria adeus à seleção argentina há cerca de dois meses, minutos depois de perder um pênalti na final da Copa América Centenário, Messi gerou enorme comoção em seu país natal. O sentimento dos torcedores era de que estavam ficando órfãos - súditos sem um rei para reverenciar. Mas o vazio foi preenchido de vez na última quinta-feira, quando o astro voltou a vestir a camisa da Argentina na vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai e foi paparicado pelos fãs de diversas formas. Retribuiu com um gol decisivo, muitos dribles e uma enorme vibração. E foi presenteado, no fim, com uma reverência geral.
Todos de olho nele: duelo contra o Uruguai virou o jogo do "retorno" de Messi (Foto: Reuters)
Antes da bola rolar, a maioria deixou claro que estava lá para ver Messi. É verdade que os cerca de 40 mil ingressos para o duelo em Mendoza foram todos vendidos antes do jogador confirmar sua "volta" - mas boa parte dos fãs mostrou que estava lá, principalmente, para ver o camisa 10. Nas arquibancadas, diversas faixas e cartazes pediam que a grande estrela jamais abandonasse a equipe. No aquecimento, o nome do atacante foi gritado a plenos pulmões. Antes da bola rolar, mais uma vez se ouvia no Maldivas Argentinas: "Messi, Messi".
- Queria estar depois de toda a confusão que fiz, de dizer que não viria e depois voltar. Desde o primeiro momento em que disse isso as pessoas me mostraram um carinho impressionante. E vem fazendo isso há muito tempo. Estou agradecido. Não poderia não voltar - disse o astro ao fim da partida.
Em meio a todo o carinho, lá foi ele reiniciar sua trajetória com a equipe. Achá-lo em campo não era difícil: além do jeito ímpar de se movimentar, o cabelo descolorido chamava a atenção de todos. Desde o começo da partida, manteve-se onde se sente mais à vontade: do lado direito do setor ofensivo. Quando pegou na bola pela primeira vez, foi vítima de uma falta e logo gerou um frisson no estádio. Precisou de apenas três minutos para lançar Lucas Pratto, sem sucesso. Mas era o sinal de que estava disposto a tentar mostra serviço como fosse.
Aos nove, mais um lance de efeito. Avanço em velocidade pela direita, corte com a perna esquerda para a entrada da área - colocando adversários em desespero. A conhecida jogada rendeu uma falta perigosa, que ele mesmo cobrou, jogando na barreira. Pouco depois, iniciou uma movimentação mais intensa. Em alguns lances, chegou a aparecer do lado esquerdo, invertendo com Di María. Depois, recuou muitas vezes, buscando a bola no meio de campo, fazendo jus à camisa 10.
"Obrigado por ficar conosco", diz faixa de torcedor direcionada para Messi (Foto: AFP)
Apesar da movimentação ofensiva intesa, na defesa seu papel era outro. Apenas ele e o centroavante Lucas Pratto não voltavam ao campo de defesa para ajudar na marcação, mantendo-se como referências para possíveis contra-ataques. Aos 23, mais um drible seco na entrada da área. Gritos de "olé" surgiram pela primeira vez nas arquibancadas. A torcida se animou novamente aos 31, quando um chute do astro explodiu na trave, gerando seu lamento contido. No lance seguinte, um voleio travado pela zaga.
O auge veio aos 42 minutos, em mais uma aparição do craque finalizando de meia distância. Mesmo diante de três marcadores uruguaios, Messi arriscou - e a bola desviou, matando Muslera no lance. Saiu sozinho para comemorar, vibrando com socos curtos. Os companheiros o procuraram. Di María o ergueu; Mascherano o abraçou e disse algumas palavras. Novamente sozinho em seguida, fez o sinal da Cruz, olhou para os céus e percebeu a torcida gritando "Messi, Messi", fazendo reverência com os braços.
Depois de cumprir seu papel de estrela, fez jus à faixa de capitão. Dybala chegou de forma dura em Cavani e gerou uma pequena confusão, já que possuía um cartão amarelo. Messi foi o primeiro a ir diretamente na direção do árbitro, antes de apaziguar as coisas entre uruguaios e argentinos. Quando viu o companheiro de ataque sendo expulso, se irritou e discutiu com o árbitro por alguns minutos. Primeiro tempo terminado e lá esteve ele, colocado como pulga no juiz. Deixou o campo reclamando bastante.
Messi reclama muito após expulsão de Dybala, no fim do primeiro tempo (Foto: Jorge Natan)
Na etapa final, um cartão de visitas vistoso: uma bela caneta em Corujo, que fez surgir mais um "olé" (veja no vídeo abaixo). A partir dali, qualquer ação do camisa 10 era colírio para os olhos do torcedor, como uma falta cobrada com efeito que quase enganou Muslera. Mais "olés" vieram - e, junto deles, muitas faltas sofridas. Messi passou a usar a habilidade para chamar o contato adversário e deixar o jogo travado, para beneficiar a Argentina, com um homem a menos e um resultado para segurar.
Quando Lucas Pratto deixou o campo, aos 26 minutos, tornou-se o homem mais à frente no time argentino. Quando o Uruguai tinha a bola, ele era o único a se manter no ataque, mas sempre se movimentando e passando vibração para os companheiros ao apertar a saída de bola uruguaia. De longe, viu os uruguaios tentar aumentar a pressão no ataque, sem sucesso. Suárez - a quem fez brilhar muitas vezes no Barcelona - dessa vez foi mero coadjuvante.
Torcedor beija pés de Messi: clima de comoção pelo retorno da estrela argentina (Foto: AP)
Na reta final do jogo, deixou súditos aos seus pés, literalmente. Um torcedor invadiu o campo e o abraçou forte, dando trabalho para os seguranças retirá-lo. Segundos depois, lá vinha outro fã na sua direção - se jogando no chão para beijar seus pés. Desconcertado, o camisa 10 apenas sorriu. Em seguida, ainda teve tempo para cavar faltas e ficar caído no campo, recebendo atendimento médico para ganhar tempo. Sim, Messi também fez catimba.
Após um contra-ataque que puxou e deu não se concretizou, viu o jogo chegar ao fim. Cumprimentou alguns uruguaios antes de ser procurado pelos companheiros para receber os parabéns. Mais um torcedor invadiu o campo para procurá-lo - fazendo com que os policiais o cercassem. Antes de deixar o gramado, foi parado por um batalhão de jornalistas. Em uma postura incomum para grandes astros, respondeu a cada pergunta por quase 10 minutos. Com todos satisfeitos, desceu as escadas vendo a reverência de toda a arquibancada. Retribuiu com acenos agradecidos pelo apoio. O rei da seleção argentina está de volta.
Após um contra-ataque que puxou e deu não se concretizou, viu o jogo chegar ao fim. Cumprimentou alguns uruguaios antes de ser procurado pelos companheiros para receber os parabéns. Mais um torcedor invadiu o campo para procurá-lo - fazendo com que os policiais o cercassem. Antes de deixar o gramado, foi parado por um batalhão de jornalistas. Em uma postura incomum para grandes astros, respondeu a cada pergunta por quase 10 minutos. Com todos satisfeitos, desceu as escadas vendo a reverência de toda a arquibancada. Retribuiu com acenos agradecidos pelo apoio. O rei da seleção argentina está de volta.
- Não enganei quando disse o que disse. Estava muito desesperançoso. Foi um golpe muito duro, e eu senti. Começar outra vez do zero era muito difícil para mim. Pensei que seria uma decisão para sempre. Mas depois repensei, porque pensei neste grupo, na conversa com Patón e no carinho das pessoas, que sempre me dão carinho e reconhecem, seja em Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e todas as partes do país. Aqui estou outra vez e me alegro - finalizou Messi.
Líder das eliminatórias sul-americanas, a Argentina encara agora a Venezuela na próxima terça-feira. Messi não dá certeza sobre sua participação no confronto fora de casa. Ele disse ao final da vitória diante do Uruguai que sente o problema no púbis detectado no último domingo. Depende de avaliação dos médicos da seleção.
- Dói muito o púbis. Vou falar com o médico, mas vêm muitos jogos importantes. Recém começou a temporada. Não sei se vou poder estar contra a Venezuela - afirmou.
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