quinta-feira, 3 de março de 2016

Presidente da Gaviões da Fiel é espancado e tem braços quebrados

O presidente e o primeiro-secretário da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada corintiana, saíram feridos após sofrerem agressões no estacionamento de um supermercado da zona oeste de São Paulo por volta do meio-dia desta quarta-feira.
 Diguinho Vice Presidente dos Gaviões Ambos estavam em uma reunião com membros de outras torcidas organizadas no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, convocada pelo promotor Paulo Castilho, do Ministério Público do Estado de São Paulo. Foram convocados integrantes de agremiações dos quatro maiores clubes paulistas. Torcedores de Corinthians, São Paulo e Palmeiras estavam presentes – santistas foram convidados, mas não apareceram.
O presidente da Gaviões, Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca, conhecido como Diguinho, e o primeiro-secretário Cristiano de Morais Souza, o Cris, saíram mais cedo do encontro e, quando estavam perto do carro estacionado no supermercado, foram agredidos pelas costas com barras de ferro por pelo menos seis pessoas, que, segundo testemunhas, não trajavam uniformes de facções. Até a publicação desta matéria, nenhum boletim de ocorrência havia sido registrado. 
O GloboEsporte.com esteve no supermercado e conversou com pessoas que presenciaram as agressões. Eles dizem que os dois corintianos foram cercados ainda na calçada e sofreram os golpes. As próprias testemunhas prestaram os primeiros socorros. Elas relataram que os feridos queriam saber se a placa do carro dos agressores tinha sido anotada. Minutos depois, membros da Gaviões chegaram num carro e levaram os dois.
supermercado briga torcida (Foto: Yan Redende)Agressões ocorreram em estacionamento de supermercado na Zona Oeste de SP (Foto: Yan Resende)
Cris perdeu vários dentes. Diguinho teve os dois braços quebrados. A Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública confirmaram o confronto. A PM suspeita se tratar de um emboscada. Os agressores ainda não foram identificados.
De acordo com informações do SPTV, a polícia teve acesso às câmeras do supermercado, mas as imagens não são claras.
Paulo Castilho diz que o encontro no Fórum foi proposto pelos presidentes das torcidas organizadas e ele, como promotor público, teve de recebê-los. Também participaram da reunião os presidentes da Independente (São Paulo), Henrique Gomes, o Baby; da Mancha Alviverde Palmeiras), Anderson Nando Nigro; e da Confederação Nacional das Torcidas Organizadas, além de um juiz de paz, que faz serviço de mediação entre o poder público e as torcidas organizadas.  
– Eles queriam conversar com a gente sobre o rigor do poder público. Acham que a polícia e o MP estão exagerando. Basicamente, foi falado que, se a torcida caminhar do lado do bem, terá o apoio do MP. E se caminhar do lado do mal, terá todo o rigor da lei. Eles se mostraram preocupados e com a boa intenção de caminhar para o lado do bem – explicou Castilho.    
 Questionado sobre a briga minutos depois do encontro “pelo lado do bem”, o promotor ficou sem reação.   
– Olha, o que vou falar? Ficamos perplexos... Mas tem de se apurar o que aconteceu. Parece que o presidente da Gaviões deixou o carro no Walmart, e sofreu a emboscada quando foi retirar o veículo. 
Castilho também não sabe dizer se foi ataque de uma torcida organizada específica. 
– Nenhuma possibilidade pode ser descartada. Não posso dizer se foi a Mancha, se foi a Independente...
A delegada Margarete Barreto, da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), vai investigar o caso, independentemente de ter sido registrado boletim de ocorrência ou não, já que as lesões das vítimas não foram superficiais. 
Este caso não fará parte do inquérito que a delegada comanda, a pedido do Ministério Público de São Paulo, que investiga cambismo e formação de quadrilha, entre outros crimes nas principais  organizadas da capital. 
A única hipótese que ela descarta é que as vítimas tenham sido agredidas por membros da própria Gaviões da Fiel ou por outra torcida dissidente dela. Considera, sim, que o ataque pode ter sido planejado e executado por qualquer uma das facções rivais, inclusive do Santos, que não estiveram presentes à reunião. 
*Por Martin Fernandez, Maurício Oliveira, Leonardo Lourenço, Sergio Gandolphi   e Yan Resende

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