Naturalizado recentemente, brasileiro pode fazer sua estreia pela seleção catari nesta quinta-feira, contra Hong Kong, em equipe recheada de "intrusos
- Estou igual a uma criança quando você promete um brinquedo. Não dorme direito, fica ansioso. Mas acho que é só até a bola rolar – contou Tabata, em entrevista por telefone.
Rodrigo Tabata corre ao lado de Sebastián Soria no treinamento da seleção do Catar (Foto: Reprodução / Facebook)
Tabata não tem motivos para se sentir isolado na equipe. O técnico Daniel Carreño é uruguaio, assim como Sebastián Soria, um dos principais jogadores da história da seleção catari. A última convocação conta com 13 jogadores nascidos fora do país, incluindo o brasileiro Luiz Martin Junior, conhecido como Ceará. A legião de estrangeiros tem também francês, português, argelino, ganês, barenita, guineense, sudanês, senegalês. Fora os filhos de imigrantes, como Akram Afif, que nasceu no Catar, mas com pai vindo da Tanzânia e mãe do Iêmen.
- Tem o Luiz, que é conhecido como Ceará, que já tinha ido antes para a seleção. Tem o uruguaio Soria, que está comigo no Al Rayyan. A comissão técnica é uruguaia também. Então facilita essa experiência, já chego me sentindo em casa, até porque já joguei com vários jogadores. Acho que quando você está feliz no país, está adaptado, sua família está feliz, eu não vejo problema nenhum. Vou dar o máximo, até para retribuir o carinho do povo catari. E acho que é o mesmo com os outros, que estão aqui há muito tempo, sabem como é o povo daqui – destacou o ex-jogador de Santos e Goiás, entre outros.
O técnico Daniel Carreño conversa com a seleção do Catar durante treinamento (Foto: Reprodução / Facebook)
A identificação que Rodrigo Tabata explica ter com o povo catari e com o país, onde joga desde 2010, nem sempre existiu. O Catar fez com que a Fifa mudasse a regra para naturalização de jogadores em 2004, quando o país tentava montar uma seleção contratando jogadores como os brasileiros Ailton, ex-Werder Bremen, e Dedé, ex-Borussia Dortmund. Outro caso famoso foi o de Emerson Sheik, que chegou a defender o país em uma partida, mas depois foi impedido de continuar na seleção por já ter defendido o Brasil no sub-20.
Rodrigo Tabata pode fazer sua estreia no Catar (Foto: Reprodução / Facebook)
- Não lembro do caso do Aílton, deve ter sido antes. No meu caso, comigo como técnico da seleção, a gente nacionalizou o famoso caso do Emerson. Eu era o treinador, eu que falei com ele. Ele no final me falou que não sabia que aquele torneio sub-20 que jogou pelo Brasil era oficial. Foi a explicação dele. É um grande jogador e uma boa pessoa, mas infelizmente talvez ele ficou confuso. Naquela vez que a Fifa mudou de dois para cinco anos. Eram dois, só que não poderia ter jogado na sub-20. Agora, o Emerson poderia jogar. Teria que ter cinco anos aqui. Como o caso do Tabata. Ninguém foi comprar o Tabata. Ele gosta de morar aqui, de jogar no futebol catari, só vê-lo jogando no clube que ele deixa a vida no jogo. No final, o dinheiro, pelo menos comigo, não funciona como única motivação. Se é a única motivação, não vai aguentar muito. Comigo não dá. Com pessoas como Tabata e Soria, que tem onze anos aqui... não é que eles vão por aí comprando jogadores pelo mundo – explicou o uruguaio Jorge Fossati, que foi técnico do Catar em 2007 e 2008.
No aspecto técnico, a convocação de Rodrigo Tabata é indiscutível. Em uma temporada praticamente impecável do Al Rayyan – campeão nacional por antecipação com apenas duas derrotas até o momento –, o brasileiro de 35 anos vem sendo o grande destaque do time e é artilheiro da competição.
- A gente não imaginava que ia fazer uma campanha tão boa. A gente estava querendo ficar até o fim do campeonato entre os quatro, brigando pelo título. A verdade é que foi uma temporada fantástica. Acho que nem o maior dos sonhadores imaginava isso. Foi uma temporada fantástica não só para o Al Rayyan, mas para mim também, sendo o artilheiro da competição, o que não é muito a minha característica. Minha característica é mais dar o passe - contou o brasileiro.
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