sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Corrupção e direitos de TV: o elo comum entre acusados do Caso Fifa

Dos 14 nomes acusados em segunda fase da investigação da Justiça dos EUA, além de Del Nero e Ricardo Teixeira, todos teriam envolvimento em recebimento de propinas

Loretta Lynch em pronunciamento da justiça americana (Foto: AP Photo / Jose Luis Magana)
Loretta Lynch em pronunciamento da justiça americana (Foto: AP Photo / Jose Luis Magana)
O roteiro que fez a Justiça dos Estados Unidos denunciar dirigentes da Concacaf e da Conmebol, no fundo, é parecido para cada um dos 14 nomes que integram a lista junto com os brasileiros Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira. Uma narrativa de propinas, extorsões e transferências bancárias duvidosas permeia o relatório de 236 páginas divulgado pela Procuradoria norte-americana após o pronunciamento que confirmou o indiciamento dos cartolas no processo que investiga a corrupção no mundo do futebol.    
Basicamente, todos têm a mesma acusação: fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e corrupção. O que os diferencia é a área na qual atuaram. Os dirigentes sul-americanos são citados em esquemas criminais (são 22 ao todo no relatório) relacionados à venda de direitos de transmissão e patrocínio da Copa América, incluindo a versão Centenário, marcada para 2016, e da Libertadores.  
Manuel Burga (Peru), Carlos Chávez (Bolívia), Luís Chiriboga (Equador) e Juan Ángel Napout (Paraguai) foram presidentes das federações de futebol de seus respectivos países. Nesta condição, teriam recebido propinas de empresas como Torneos y Competencias e Traffic para que as apoiassem em disputas de direitos de transmissão. A Torneos é a responsável pela Libertadores, e a Traffic, pela Copa América. A eles se juntam ex-funcionários da Conmebol, como José Luis Meiszner, Eduardo Deluca e Romer Osuna.   
Napout foi preso nesta quinta-feira, em Zurique, onde estava para uma reunião do Comitê Executivo da Fifa, do qual ele é membro. Ele havia assumido a presidência da Conmebol em agosto de 2014.  
Hawit, campeão de acusações
Outro dirigente preso nesta quinta, Alfred Hawit, presidente da Concacaf, é o que tem a maior lista de acusações. Além dos crimes comuns a todos os denunciados, ele também terá de responder por tentativa de obstrução da justiça.   
Segundo o relatório, ele teria tentado atrapalhar uma investigação contra Jeffrey Webb, seu antecessor na Concacaf, preso na primeira fase da operação, em maio. Entre seus atos, estaria a tentativa de persuadir testemunhas de modo a influenciar no depoimento delas.   
Logo ao assumir a Concacaf, Hawit teria se envolvido num esquema de propinas para que a Full Play fosse escolhida a empresa responsável pelos direitos de transmissão da Copa Ouro. Além dele, outros dois dirigentes participaram da negociação: Ariel Alvarado e Rafael Salguero, ex-presidentes, respectivamente, das federações de futebol do Panamá e da Guatemala.  
FBI investiga escritório da Media World, em Miami (Foto: Reuters)FBI investiga escritório da Media World, em Miami, nesta quinta-feira (Foto: Reuters)
Dinheiro por influência em disputa de direitos de TV
O trio também é citado num esquema relacionado aos jogos de seleções da América Central, pertencentes à Uncaf, divisão regional dentro da Concacaf. Eles estão entre os nomes que teriam recebido propinas das empresas Traffic USA e Media World para usar influência de forma que as companhias ganhassem a disputa pelos direitos de transmissão das partidas – mais tarde, as duas empresas chegariam a um acordo para dividir o privilégio. Outros nomes denunciados são os de Reynaldo Vasquez (El Salvador), Rafael Callejas (Honduras), Bryan Jiménez e Héctor Trujillo (ambos da Guatemala).   
No relatório, há diversas denúncias de movimentações financeiras entre a conta da Media World, em Miami, nos Estados Unidos, e outros beneficiários, que vão desde laranjas em Nova York até bancos da Guatemala e do Panamá. Um exemplo claro é o de Ariel Alvarado, que transferiu 15 mil dólares da conta da Traffic USA para uma conta no nome da Federação Panamenha de Futebol.   
Não à toa, o escritório da Media World foi investigado nesta quinta-feira pelo FBI. Agentes estiveram no prédio para buscar provas que auxiliem no processo.  tabela denunciados corrupção Fifa (Foto: GloboEsporte.com)

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