terça-feira, 25 de novembro de 2014

Valdivia questiona discursos no clube e dispara: "Todo ano é a mesma coisa"

Chileno questiona planejamento do clube e se diz envergonhado com a má fase: "Antigamente era: se ganha título, vira ídolo; agora, se deixa na Série A vira ídolo"

Valdivia coletiva Palmeiras (Foto: Marcelo Hazan)Valdivia em entrevista coletiva na Academia de Futebol, nesta terça-feira (Foto: Marcelo Hazan)
Valdivia pode ser apontado como a principal esperança de dias melhores (ou menos piores) para o Palmeiras na reta final do Campeonato Brasileiro. Capitão da equipe desde que Dorival Júnior assumiu o comando, em setembro, o chileno tem adotado uma postura de liderança dentro e fora de campo. Sem medo de adotar um discurso forte e de impacto, o Mago disparou contra a vida política do Verdão e o planejamento do clube em entrevista coletiva nesta terça-feira, na Academia de Futebol.
Envergonhado e preocupado com o momento vivido pelo Palmeiras na temporada, Valdivia disse que a luta contra o rebaixamento não pode ser tornar uma realidade constante da equipe, que já encarou dois rebaixamentos em sua história, em 2002 e 2012, e está ameaçado novamente. O Mago pede dedicação total da equipe na reta final do Brasileirão, mas reitera que tal campanha não merece ser enaltecida.
- Título é muito importante, é o que mais interessa na carreira, o que o torcedor mais gosta. É por isso que acordamos para trabalhar, para sermos os melhores e vencedores. Pelo momento que estamos passando, deixar (o clube) na Série A não é um título, mas será um fato muito importante para ser lembrado. As pessoas pedem isso. Antigamente era: se ganha título, vira ídolo; agora é: se deixa na Série A vira ídolo. Sou contrário. Pela situação do time, temos de nos doar ao máximo, não só eu como o grupo será lembrado - citou.
O Palmeiras vai para as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro precisando apenas das próprias forças para se garantir na Série A. Com 39 pontos, o Verdão ocupa a 16ª colocação e tem um ponto de vantagem para o Vitória, hoje na 17ª posição e primeiro integrante da zona de rebaixamento. Depois do confronto contra o Internacional, em Porto Alegre, o time do técnico Dorival Júnior terá pela frente o Atlético-PR, em seu novo estádio.
Para o camisa 10, o principal problema encontrado pelo Palmeiras no ano do seu centenário foi a montagem do elenco. Ele cita os mineiros Cruzeiro e Atlético como exemplos a serem seguidos no futebol brasileiro. Mago criticou também os candidatos à presidência, que no próximo sábado disputarão pleito na sede social alviverde.
- Pelo o que Paulo (Nobre) e (Wlademir) Pescarmona estão falando, querem formar time forte. Mas todo ano é a mesma coisa. O papo é o mesmo, equipe forte, que dispute título, com jogadores... Não é questão de trazer Messi e Cristiano Ronaldo, mas tem de ter elenco para um jogador só não levar a responsabilidade. Concordo com tudo o que estão falando de time grande, de fazer contratações do tipo que estão falando. Mas, às vezes, não garante título. Cruzeiro contratou muito pouco e foi campeão de novo. Atlético perdeu grandes jogadores, mas tem elenco grande e de qualidade - afirmou o atleta.
- Quando resultado não vem, perde confiança, capacidade de acreditar em você mesmo. Isso acontece, já passei por isso em 2012. Às vezes, jogava e não me sentia bem, perdia confiança em mim mesmo. Continuo acreditando que nosso time é bom. Não é o pior do Brasileirão, tenho certeza - completou.
Confira a entrevista coletiva de Valdivia:
Débito com o time
Eu vim preparado para essa pergunta. Não me sinto em dívida com o Palmeiras. O time fez 36
jogos. Eu joguei 16, mas fiquei fora de apenas sete por lesão. Seis vezes estava na seleção, duas vezes fiquei suspenso e outras cinco vezes fiquei fora pela venda aos Emirados Árabes. Não era mais jogador do Palmeiras. Então, em 13 partidas ninguém pode apontar o dedo na minha cara e falar que a culpa é minha. A torcida do Palmeiras tem me mostrado o quanto fui importante nessa reta final.
Salário
Parece que só o Valdivia tem obrigação de treinar e se dedicar. Falam que é obrigação porque sou bem pago. Falo para quem quiser chamar a diretoria. Duvido que alguém saiba o meu salário. Dizem R$ 500 mil, R$ 600 mil e até R$ 700 mil. Faço um pedido para investigarem quanto o Valdivia ganha. Não chega a R$ 400 mil, nem aos R$ 300 mil. Sou bem pago, mas não cheguei de graça ao Palmeiras. Ganhava R$ 30 mil em 2006. Mas fui eleito melhor jogador em 2006, 2007 e 2008. Nunca fui na diretoria pedir aumento. Duvido alguém falar o contrário. A obrigação não é só do Valdivia. É de todos. Quando não era capitão e caímos em 2012, falaram que a responsabilidade era minha. Agora sou capitão e também dizem. Mas é de todos. A Série B é igual para todos.
Peso do seu desfalque
Quando o Palmeiras não precisou de mim? Quando teve uma chance na qual o treinador falou: "Fica aí essa semana você não precisa jogar. Quando? Nunca. Desde que estou aqui não houve um jogo em que algum técnico falou isso. Na semifinal do Paulista joguei com o tornozelo igual uma melancia. Não dava nem para ir ao banco. Pedi e joguei mesmo sem condição. Contra o Vitória não era para jogar, mas joguei. Poderia ter ficado fora contra o Botafogo, mas joguei. Grêmio, Santos, Corinthians... podem cobrar, não tem problema. Mas quando vira algo pessoal muda. Se tenho três vezes mais responsabilidade não tem problema, mas atribuir que precisou do Valdivia e ele não estava, na verdade a pergunta é outra. Sempre o Palmeiras precisou de mim e de todos os outros.

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