sábado, 1 de novembro de 2014

Há três anos sem expulsão, Domingos espanta fama de "bad-boy" no Catar

Com mais de 50 jogos pelo Al-Khuraitiat e nenhum cartão vermelho, zagueiro critica árbitros brasileiros, dá versão sobre caso polêmico e declara amor ao Grêmio

É difícil não se lembrar da passagem do zagueiro Domingos no futebol brasileiro. Bad-boy ou boa-praça? Violento ou determinado? São diferentes pontos de vista a respeito de um mesmo personagem, que foi criado nas categorias de base do Santos e conquistou títulos, mas ganhou destaque pela parte disciplinar. Punido pela arbitragem em vários episódios, o jogador colecionou expulsões no currículo, mas alega ser "perseguido" pelos donos do apito no país. Longe do Brasil, mudou a escrita com a camisa do Al Khuraitiat, do Catar, e chegou ao terceiro ano no mundo árabe sem receber um cartão vermelho. 
- Era só largarem do meu pé um pouco (risos). Mas o problema é que no Brasil não dava nem tempo, não me tiravam da cabeça. Até quando não era eu na jogada arrumavam um jeito de me punir. No Catar os árbitros são diferentes do Brasil. São estilos muito diferentes. No meu caso fiquei marcado por onde passei pela minha força de vontade, sempre querendo ganhar, não se contentando com a derrota. Isso incomodou muita gente. Vou fazer três anos no Catar e mantive o meu estilo, jogando sempre firme, da mesma que joguei nas equipes do Brasil. A diferença é que eu tinha 18 anos quando comecei a aparecer, não tinha experiência, mas muita força. Nesses dez anos tive a oportunidade de jogar com grandes zagueiros como André Luis, Antônio Carlos, Luiz Alberto, Pereira, e adquiri uma experiência hoje é importante para mim - destacou o zagueiro, que em 54 partidas viu apenas 16 cartões amarelos.
Domingos, Al Khuraitiat (Foto: Divulgação) 
Domingos marca o ex-santista Madson pelo Al Khuraitiat, do Catar:
 três anos sem levar um cartão vermelho (Divulgação)


A caminhada que começou em 2004 na Vila Belmiro seguiu com as camisas do Grêmio, Portuguesa, São Caetano e Guarani. Rotulado como jogador desleal, Domingos discorda das críticas de "muitos que nem conheciam" e afirma que colocou em campo o que aprendeu quando garoto.
- As pessoas colocaram um rótulo em mim de um cara violento, brigão. Quem me conhece sabe que não sou assim. Sempre fui um cara que jogou firme, aprendi desde a categoria de base no Santos que não podia me contentar em ser derrotado. Muitos tinham mais técnica, mas ninguém tinha mais força de vontade e dedicação do que eu. Com essa força, respeito e possibilidade de ser um jogador de futebol, sempre coloquei na minha cabeça que iria buscar ser o melhor.
NOVO RUMO

Domingos, Santos (Foto: GloboEsporte.com)Criado no Santos, zagueiro foi afastado após lance com Rafael Cabral (Foto: GloboEsporte.com)
Foram muitos os casos polêmicos que tiveram o zagueiro envolvido. Contudo, um em especial fez o jogador dar novo rumo na vida pessoal e profissional. Em 2009, no Santos, Domingos quebrou a perna do goleiro Rafael Cabral após dividida em um treinamento e foi afastado do grupo por Vanderlei Luxemburgo. Em entrevista por telefone, o jogador deu sua versão do episódio, negou maldade no lance e revelou ter tirado uma lição para o resto da carreira.
- Eu decidi que era hora de repensar quando o Vanderlei me afastou do Santos. Todo mundo achou que eu era o cara mais mau caráter do mundo. Jamais um jogador de futebol vai querer quebrar a perna de um companheiro porque quer. Todos os jogadores viram que foi sem querer, o auxiliar do Vanderlei na época era quem estava comandando o treino, o próprio Vanderlei nem viu o que aconteceu no momento. Mas aí que você vê que são poucos os amigos no futebol. Quando o Luxemburgo reuniu todo mundo e falou que eu quebrei a perna do moleque, ninguém falou que foi sem querer, mesmo tendo visto o que realmente aconteceu. Eu estava no Santos desde pequeno, fui criado lá. Eu parava pra pensar e me perguntava o que tinham feito, tinha sido completamente sem intenção. Cheguei em casa, conversei com a minha mulher e ela me disse para não ter medo, deixar Deus no controle. A partir dali coloquei a cabeça no lugar e dei um novo rumo na minha vida, com oportunidade na Portuguesa, que abriu as portas.

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