Advogados do Grêmio fazem a defesa do clube no STJD
(Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
Mesmo
que o Grêmio não tenha sido excluído da competição, o STJD também votou
pela não realização do jogo de volta, já que a partida não teria
validade para a sequência do torneio, uma vez que o Santos já está
classificado para as quartas de final, somando os três pontos ganhos na
ida com os três pontos a mais perdidos pelo rival no tribunal. Quatro
auditores votaram pela não realização do jogo e outros três optaram por
deixar a decisão para a Confederação Brasileira de Futebol. A CBF pode
reavaliar a decisão. O Pleno também manteve a multa de R$ 50 mil.Na prática, a decisão mantém a eliminação do Grêmio. Apesar de nenhum relator ter levantado a questão durante o julgamento, a pena pode evitar a abertura de um precedente para excluir um clube do Campeonato Brasileiro, por exemplo, caso algo semelhante aconteça nessa competição. Não cabe mais recurso ao Grêmio na esfera desportiva.
O recurso do quarteto de arbitragem também fora julgado. Wilton Pereira Sampaio teve a suspensão reduzida de 90 dias para 45 dias, com multa de R$ 800. Já o quarto árbitro, Roger Goulart, foi suspenso por 30 dias e terá de pagar multa de R$ 500. Os árbitros auxiliares foram absolvidos.
Como foi o julgamento
Presidente Fábio Koff compareceu ao julgamento (Foto: Lucas Rizzatti/GloboEsporte.com)
O
primeiro a se manifestar foi o procurador Paulo Schmitt, que denunciou o
Grêmio pelos atos de injúrias raciais. Com um discurso contundente, ele
reforçou o pedido de exclusão do clube e ainda solicitou o aumento da
multa, inicialmente colocada em R$ 50 mil, e ainda a perda de mandos de
campo, o que não foi levado em consideração pelos auditores.- A reprodução da prova de vídeo que originou a denúncia era altamente relevante a esse processo, para que a gente não esqueça o que aconteceu, para a gente possa combater e para que o clube seja responsabilizado pelos atos de seus torcedores. Quando o clube teve a oportunidade, através de seus torcedores, e não se separa o clube e a torcida. Quem separa tenta desinformar a sociedade. Clube e torcida é uma coisa só. Quando o clube teve uma nova oportunidade, vaiou o goleiro, quando ele deveria ser aplaudido pela coragem, por trazer à tona o que a gente esconde debaixo do tapete - disse.
Logo depois, foi a vez de a defesa do Grêmio se manifestar. Primeiro, o advogado do Grêmio Gabriel Vieira reforçou as ações do clube para combater o racismo antes do incidente na Arena e também as providências tomadas depois das injúrias, como a carta enviada por Felipão a Aranha e o pedido de desculpas por parte do presidente Fábio Koff. Já Michel Assef Filho citou um caso semelhante ocorrido com a torcida do Paraná, que resultou em multa ao clube paranaense.
- Faltou bom senso, a decisão não é razoável, a punição é desproporcional ao fato. A Procuradoria não conseguiu provar que eram mais de cinco torcedores. Foge do bom senso, do razoável. Qual a diferença desse caso para o caso do Paraná? Foram duas pessoas e a Procuradoria só denunciou no parágrafo segundo, porque era torcida. O Paraná foi multado. Isso na Copa do Brasil de 2014. Como se pode, na mesma competição, aplicar penas diferentes - pontuou.
A defesa do árbitro Wilton Pereira Sampaio fez a sua participação antes do relator Paulo César Salomão Filho dar o seu pronunciamento e, na sequência, o seu voto. Ele destacou que o órgão não considera o Grêmio um clube racista, mas decidiu por revogar a exclusão e punir a instituição com a perda de três pontos. Como o time gaúcho perdeu o primeiro jogo por 2 a 0, acabou eliminado da Copa do Brasil.
- O Grêmio foi eliminado, não excluído - resumiu o relator.
Todos os demais seis auditores que participaram do julgamento acompanharam o relator e optaram pela eliminação do Grêmio da competição nacional.
Depois das manifestações de cinco auditores, que concordaram com o relator, o presidente do STJD, Caio Rocha, fechou a sessão e fez o seu pronunciamento. Segundo ele, o Grêmio acabou eliminado em função do resultado do primeiro jogo.
- O ato da torcida está levando isso ao clube. As campanhas do Grêmio são louváveis, mas não resolveram o problema da torcida. O tribunal não está excluindo o Grêmio. O que excluiu o Grêmio foi ter perdido o primeiro jogo, no seu campo, por 2 a 0 - disse.
Paulo Schmitt, o presidente Caio Rocha e o relator Paulo César Salomão Filho no julgamento
(Foto: Lucas Rizzatti)
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