quinta-feira, 30 de julho de 2015

Estudo de agência aponta riscos de doenças para atletas nos Jogos do Rio

Foram analisadas amostras das águas da Marina da Glória, Baía de Guanabara, Lagoa Rodrigo de Freitas e praias de Copacabana e Ipanema

Lixo na Baía de Guanabara, imagem de quarta-feira, dia 29 de julho (Foto: Mario Tama/Getty Images)A Baía de Guanabara é um ponto enfaticamente reprovado (Foto: Mario Tama/Getty Images)
Os atletas que vão competir nos Jogos Olímpicos do próximo ano, no Rio de Janeiro, irão nadar e navegar em águas tão contaminadas com fezes humanas que correm o risco de ficarem doentes e incapazes de terminarem os jogos, de acordo com uma investigação da "Associated Press". Foram analisadas a Marina da Glória na Baía de Guanabara, as praias de Copacabana e Ipanema, além da Lagoa Rodrigo de Freitas.

No estudo da qualidade da água da cidade foram encontrados níveis perigosamente elevados de vírus e bactérias de esgoto humano em locais Olímpicos e Paraolímpicos, resultados que alarmaram especialistas internacionais e competidores, alguns dos quais já ficaram doentes com febres, vômitos e diarreia.

Estas doenças poderia bater um atleta fora por dias, potencialmente reduzindo Jogos Olímpicos de sonhos e os anos de treinamento duro por trás deles.

- Este é de longe a pior qualidade da água que já vimos em nossas carreiras na vela - disse Ivan Bulaja, treinador da equipe austríaca, que passou meses de treinamento na Baía de Guanabara.

- Tenho a certeza que, se você nadar nessa água e ela entrar em sua boca ou nariz, um monte de coisas ruins estarão entrando em seu corpo - acrescentou.

A poluição da água tem afligido áreas urbanas do Brasil, onde a maioria de esgoto não é coletado, e muito menos tratados. No Rio, grande parte dos resíduos é executado através de valas a céu aberto para fluxos fétidos e rios que alimentam os locais de água Olímpicos e deterioram praias que são o cartão postal da cidade.

As autoridades brasileiras comprometeram-se a uma reformulação profunda dos cursos de água da cidade estaria entre os legados mais significativos os Jogos Olímpicos, mas o mau cheiro do esgoto bruto ainda cumprimenta os viajantes que aterrissam no aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

Mais de 10 mil atletas vindos de mais de 200 países são esperados para competir nos Jogos de 5 a 21 de agosto de 2016. Quase 1.400 deles vão entrar em contato com águas que foram vítimas de poluição de esgotos desenfreado, enquanto velejam na Baía de Guanabara; nadam fora da praia de Copacabana; e remam sobre as águas salobras da Lagoa Rodrigo de Freitas. E a partir da próxima semana, centenas de atletas vão estar nas águas em eventos experimentais Olímpicos.

As autoridades brasileiras insistem que as águas estarão a salvo, mas o teste de "AP" que durou mais de cinco meses não encontrou um local adequado para a natação ou passeios de barco, de acordo com especialistas internacionais, que dizem que é tarde demais para uma limpeza.

- O que você tem aí é basicamente esgoto bruto", disse John Griffith, um biólogo marinho da independente Projeto de Pesquisa da Água Southern California Coastal. Griffith examinou a protocolos, metodologia e resultados dos testes de "AP".

- É toda a água dos banheiros e chuveiros, qualquer pessoa que seja coloca por suas pias abaixo, tudo misturado, e isso vai parar nas águas de praia – completou o biólogo.

Fernando Spilki, um virologista top brasileiro, realizou quatro rodadas de testes com água virais e bacterianas para a "AP", e recolhimento de amostras em três locais olímpicos. Os testes de Spilki focaram três tipos diferentes de adenovírus humano que são "indicadores" típicos de esgoto humano no Brasil. Além disso, testou para enterovirus, a causa mais comum de infecções respiratórias em jovens, que também pode conduzir a doenças cerebrais e cardíacas. Ele também testou para rotavírus, a principal causa de gastroenterite globalmente.

Os resultados do teste revela altas contagens de adenovírus humanos ativos e infecciosos, que causam diarreia intensa, vômitos violentos, problemas respiratórios e outras doenças.

As concentrações dos adenovírus humanos eram mais ou menos equivalente ao observado no esgoto bruto - mesmo em uma das áreas menos poluídas testadas, a Praia de Copacabana, onde acontecerão a maratona aquática e triatlo com natação e onde muitos dos esperados 350 mil turistas estrangeiros podem dar um mergulho.

A "AP" encontrou outro local olímpico que se esperava tivesse sido limpa em grande parte nos últimos anos, a Lagoa Rodrigo de Freitas, que está entre as águas mais poluídas dos jogos. Os resultados variaram de 14 milhões de adenovírus por litro para 1,7 bilhões por litro.

Em comparação, especialistas na  qualidade da água que monitoram praias no sul da Califórnia ficaram alarmados com contagem viral de adição a 1.000 por litro.

- Todo mundo corre o risco de infecção nestas águas poluídas - disse Dr. Carlos Terra, um hepatologista e chefe de uma associação de médicos especializados em doenças do fígado, com sede do Rio. Terra disse que aproximadamente 60 por cento dos adultos brasileiros têm sido expostos à hepatite A, principalmente por causa da exposição ao esgoto.

Kristina Mena, professora associada da saúde pública na Universidade do Texas Health Science Center em Houston e especialista em avaliação de risco da água, examinou os dados da "AP" e estima que atletas internacionais em todos os locais de água teriam uma chance de 99 por cento de estarem infectados com os patógenos se ingeridas apenas três colheres de chá de água, embora isto não significa automaticamente que uma pessoa vá ficar doente. Isso depende de imunidade e muitos outros fatores.

Os brasileiros estão expostos desde a infância e constroem imunidades. Mas os atletas e turistas estrangeiros não terão essa proteção.

Dr. Alberto Chebabo, que dirige a Sociedade de Doenças Infecciosas do Rio, alertou que todos os estrangeiros em direção a Rio para as Olimpíadas, atletas ou turistas, devem ser vacinados contra a hepatite A. Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças recomendam também os viajantes para o Brasil a se vacinarem contra a febre tifoide.

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