quinta-feira, 28 de maio de 2015

Governo promete para 2015 novo plano contra violência nos estádios

Ministro do Esporte fala até em identificação de torcedores pela íris. Conselho admite ineficiência do atual modelo de pacificação

George Hilton (Foto: Alexandre Alliatti)
Ministro George Hilton participa de encontro no Rio de Janeiro (Foto: Alexandre Alliatti)
Os ministérios do Esporte e da Justiça encabeçam um grupo multidisciplinar que promete oferecer à população, ainda em 2015, um plano de combate à violência nos estádios. Os integrantes do biênio 2015/2017 da Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a Segurança nos Espetáculos Esportivos, o chamado CONSEGUE, se reuniram na tarde desta quarta-feira, em umHOTEL no Rio de Janeiro, para debater ações efetivas de pacificação nas praças esportivas do país. Nenhuma medida imediata foi anunciada no encontro.

A comissão existe desde 2004, nascida do decreto nº 4.960, no governo Lula, exatamente para combater a violência. E está sendo repaginada agora – ao mesmo tempo em que constata sua ineficiência. O secretário nacional de futebol do ministério do Esporte, Rogério Hamam, acompanhou o ministro da pasta, GeorgeHILTON, no encontro e fez uma apresentação sobre o atual panorama da missão. Em um dos itens, admitiu problemas em três pontos: ineficácia dos atuais planos de ação definidos no artigo 17 do estatuto do torcedor (que versa justamente sobre o direito do torcedor à implementação de um plano de segurança), a diferença entre procedimentos operacionais de estado para estado e a inexistência do compartilhamento de informações sobre procedimentos de segurança.

É a partir daí que o grupo promete agir. O ponto central: unificação de ações. O objetivo é fazer com que ocorra uma padronização nacional na relação entre o torcedor e o espetáculo. Ou seja, que o tratamento recebido pelo corintiano em São Paulo seja o mesmo do fanático pelo Guarany de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, ou pelo Porto de Caruaru, em Pernambuco. Isso envolve a polícia, presente na reunião desta quarta-feira com representantes das esferas militar, civil e federal. Será possível? Regina Maria Filomena de Luca Miki, presidente da Secretaria Nacional de Segurança Pública, acredita que sim.

- Todas as padronizações são de procedimentos. Por exemplo, procedimento da polícia. É possível que o acolhimento da torcida, não importa o tamanho, tenha o mesmo procedimento operacional. Lógico, é adaptado a cada realidade local. Se colocarmos normas muito rígidas, vamos emperrar um campeonato. É preciso se ater às particularidades de cada local, mas também trazer a segurança. Esse equilíbrio será buscado – observou.

Fortalecer o combate à violência passa por maior controle sobre a entrada no estádio de torcedores com histórico de violência. Alguns objetivos da comissão estão longe de ser novidade: criação de juizados especiais nos estádios e identificação dos integrantes de torcidas organizadas (o encontro teve a presença de um representante da Associação Nacional das Torcidas Organizadas). O ministro GeorgeHILTON é otimista e acredita que a tecnologia estará a serviço da paz nos estádios brasileiros. Ele usa até a identificação pela íris como uma medida plausível.

- Além do cadastro, você tem a tecnologia. É possível ações como biometria, identificação da íris, câmeras especializadas que conseguem detectar. O importante é fazer com que essa ação seja nacional, que a partir de uma ação tomada pelo governo federal, com os governos estaduais, isso se implemente em todo o país – disse ele.
George Hilton (Foto: Alexandre Alliatti)Comissão pretende criar ações de padronização nacional nos estádios (Foto: Alexandre Alliatti)


O grupo pretende usar a inteligência para se antecipar a possíveis confusões e, assim, conseguir inibi-las. Uma das metas é identificar, com cruzamentos de dados e informações da polícia, jogos que tenham mais risco de brigas entre torcidas.

No encontro, o ministro sugeriu que sejam feitas campanhas nos estádios para amenizar a violência. Também recomendou uma forte campanha de marketing nesse sentido.

- O futebol é um grande patrimônio nacional. Temos que devolver esse entretenimento, essa alegria, e fazer com que as famílias voltem aos estádios, se sintam cada vez mais contempladas de poder participar do futebol como torcedores. Queremos um grito de paz – afirmou ele aos demais integrantes da mesa.

Membros do grupo assistirão a jogos nos estádios para ter uma noção da realidade nacional. A presidente da Secretaria Nacional de Segurança Pública se mostrou animada com o que viu no Rio de Janeiro.

- Aqui, o torcedor conhece o policial pelo nome – disse ela.

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