quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Grupo de torcedores do Cruzeiro invade a Toca da Raposa durante treinamento
Cerca de 30 torcedores do Cruzeiro quebraram um dos portões da Toca da Raposa na tarde desta terça-feira e invadiram o local no dia em que o elenco se reapresentou após a derrota por 1 a 0 para o Goiás, no Serra Dourada.
Veja por outro ângulo a invasão de integrantes de organizada durante treino do Cruzeiro
Torcedores do Cruzeiro invadem a Toca da Raposa II durante treino desta terça-feira
Os torcedores soltaram foguetes e conversaram com a comissão técnica e com os atletas que estavam treinando em campo no momento da invasão – apenas aqueles que não atuaram em Goiânia. Os titulares, que faziam trabalhos internos, foram para o gramado no momento em que houve a invasão. Até o zagueiro Léo, que se recupera de uma fratura na clavícula, apareceu em campo com uma proteção no local. Abel Braga foi o que mais conversou com o grupo no gramado.
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A Polícia Militar foi acionada pelo Cruzeiro, chegando cerca de cinco minutos depois da invasão do grupo, retirando todos os torcedores do campo. Eles foram colocados de joelhos, revistados e, depois, apenas três foram autorizados a conversar com os atletas. Enquanto havia esse diálogo na parte interna da Toca, Abel Braga conversava com o restante dos torcedores (veja abaixo). De acordo com a PM, todos os torcedores foram ouvidos e liberados. O Cruzeiro registrou um Boletim de Ocorrência.
Polícia Militar contém invasão de torcedores na Toca da Raposa durante treino do Cruzeiro
Depois da intervenção dos policiais, os reservas voltaram a treinar em campo. Foi o terceiro dia de trabalho do técnico Abel Braga com o elenco. Ele foi apresentado no sábado e trabalhou também no domingo, véspera do jogo contra o Goiás.
Transmissão ao vivo
A organizada Máfia Azul transmitiu ao vivo, na página da torcida no Instagram, o momento da invasão do grupo à Toca da Raposa. Nas imagens dá para ver a conversa de Abel Braga com o grupo e também a chegada dos titulares no gramado. Veja o vídeo abaixo:
Imagens da invasão à Toca da Raposa II feitas pela Máfia Azul
Eliminado nas oitavas de final da Libertadores e na semifinal da Copa do Brasil, o Cruzeiro está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, em 17º lugar, com apenas 18 pontos em 22 partidas.
Palavra do treinador
Depois do fim do treinamento, Abel Braga pediu a palavra na Toca da Raposa. Em um pronunciamento de cerca de cinco minutos, sem abertura para perguntas, o treinador minimizou o fato, afirmando que a conversa ocorreu em tom tranquilo. Ele, no entanto, lamentou o fato de a invasão ter paralisado o trabalho da comissão técnica com os atletas. Veja o que ele disse, na íntegra:
- É muita coisa para tão pouco tempo. Não estou dizendo 100% não, mas acho que é primeira vez que perco em estreia. Futebol tem duas coisas envolvidas que jamais vão deixar de existir, que é a razão de qualquer clube de futebol do Brasil, que não é clube empresa ou clube de dono. O dono de clube no Brasil é a torcida. Nós temos que entender uma série de coisas que ocorrem, que as vezes poderiam ser resolvidas de forma diferente, mas não podemos esquecer a soberania do torcedor e o que envolve: paixão e sentimento. Entendemos perfeitamente o momento que o Cruzeiro está passando. O meu sentimento, até por ter quebrado um paradigma em relação a minha forma de agir e nunca pegar um trabalho no meio, por haver um sentimento.
O que ocorreu hoje aqui no Cruzeiro foi nada mais do que paixão. Uma paixão por um momento que, se nós não sairmos dele, vamos criar um fato inédito, que é ver o Cruzeiro na segunda divisão.
- Eu vou para o sentimento que eu tive ontem, ele me trouxe uma convicção muito grande, muito real. Eu sei como os jogadores se sentiram, como eles ficaram. Vocês sabem que é complicado jogar em Goiânia, por causa da umidade. Eles correram e eu vi o semblante de cada um deles dentro do vestiário. Com um treinamento tático de domingo, a assimilação foi incrível e eu posso te falar como a maioria desses torcedores e desses garotos eles gostaram do que viram ontem, pediram que continue e eu prometi a eles que vai continuar, com um pouco mais de sorte e felicidade - disse o treinador, que continuou.
- Ontem foi o acaso. O cara foi chutar uma bola no gol, errou o chute e pegou o Ruschel entrando do outro lado. Não estamos aqui para ficar contestando nada. A gente conversou da melhor maneira possível, de forma educada. Eles no auge da emoção. Expuseram para mim e para os atletas aquilo que eles tinham vontade. Sem ofender, sem agredir. Falei para eles que não era a melhor maneira, que a melhor maneira é se combinando alguma coisa para se fazer, porque teve que paralisar um treinamento que estava correndo. Isso não é bom.
Não é bom ficar brigando com torcida. A torcida é toda azul. Nós estamos vestidos de azul, porque amanhã qualquer participação diferente a nível de jogo você pode perder o mando de campo. Isso engloba uma série de fatores e nós podemos trazer coisas positivas por esse caminho, mas a partir do momento que nós não possamos deixar extrapolar nem tanta emoção e nem tanto falso sentimento.
- O que eles gostam é dessa camisa e dessa cor, os jogadores também gostam, senão não tinham conquistado o que conquistaram aqui. Foi muito boa a participação dos atletas naquilo que conversaram com os torcedores. Se encerra. Para nós não vai interferir em nada, porque, independente de como aconteceu, se não tivesse acontece, em cada jogo e em cada metro quadrado em campo que o Cruzeiro entrar, não vai deixar de faltar alma, entrega e dedicação. Ontem todos foram no limite. Claro, sai chateado com a derrota, porque eu sei o que eles fizeram e como fizeram para ganhar o jogo. Não estou falando que o gol foi mal anulado ou não, mas vocês devem ter visto a comemoração como foi. Aquilo deu uma gelada ali, mas está todo mundo em pé e nós, como queremos esse apoio, vamos guerrear com qualquer adversário para procurar o melhor para o Cruzeiro. Obrigado a vocês - finalizou o treinador.
*sob supervisão de Guilherme Macedo
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