Paolo Guerrero já voltou a atuar e assumiu protagonismo no Inter. Mesmo assim, não esquece o período no qual ficou afastado do futebol em razão da suspensão por doping. E, após a revelação de ex-funcionários e funcionários do Swissotel, em Lima, que revelam erro do estabelecimento na contaminação do chá ingerido pelo atacante e serem instruídos a acobertar o episódio, reiterou a indignação.
- (Estou) Muito consternado, sem palavras. Creio que surpreendeu todo mundo. Eu sempre, desde o princípio, atuei com a verdade. Nunca menti. O Swissotel impediu que a verdade fosse dita, mentiu e ameaçou seus trabalhadores - disparou, em entrevista à América TV, do Peru.
Guerrero comentou sobre mais um episódio do caso de doping — Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Divulgação
Na matéria que revelou mais um episódio da polêmica que tem o centroavante no epicentro, dois ex-funcionários responsáveis pela parte da cozinha do hotel – Jordy Alemany e Luis Escate – dizem que o Swissotel cometeu irregularidades no serviço à seleção peruana. De acordo com Alemany, a xícara em que foi servido o chá a Guererro estava "suja".
Na reportagem, Alemany entra no hotel com uma câmera escondida e grava a fala de um dos garçons responsáveis pelo atendimento à seleção peruana. O funcionário afirma que houve negligência no pedido e diz ainda que foi instruído a alterar o seu depoimento à Justiça.
Guerrero sempre atribuiu o doping por um metabólito de cocaína a um erro do Swissotel desde o início de sua luta na Justiça para reverter a suspensão – o que não ocorreu. Em dezembro, uma investigação do Ministério Público do Peru já havia dado razão ao centroavante e concluído que o hotel forneceu informações falsas à Agência Mundial Antidoping (Wada). Após a situação, falou sobre o drama pelo qual passou:
- Eu sequer levei um advogado quando fui buscar ajuda no hotel para poder investigar. Pedi ajuda. Meu trabalho é o futebol e fui castigado injustamente. Não me deram apoio. Por isso estava dolorido. Obviamente me senti pior. Foram meses sem jogar, em um lugar que não me sinto bem. Essa tristeza ocorreu no meu país, no Peru, onde cresci, joguei com a camiseta nacional, isso que me dói.
Guerrero visita hotel e fala sobre caso de doping — Foto: Reprodução
Apesar deste novo capítulo, Guerrero não pretende voltar aos tribunais. Decepcionado pela falta de solidariedade, afirma que só queria a verdade estabelecida.
- Como não falar da situação? Quando pedi ajuda, pedi para investigar, mas não entrarei com nenhum processo. Só queria investigar como me contaminava. Não quiseram me ajudar. Me fecharam a porta - finalizou.
Relembre o caso Guerrero
Guerrero foi suspenso por um ano por doping após o exame acusar a presença de um metabólito da cocaína em seu organismo, em outubro de 2017, no jogo contra a Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O atleta sempre alegou que a ingestão ocorreu no Swissotel, que abrigava a seleção peruana, devido a um erro do estabelecimento.
Em dezembro, o jogador conseguiu a redução da pena para seis meses, o que permitiu voltar a vestir a camisa do Flamengo e o liberou para disputar o Mundial da Rússia. O centroavante voltou a jogar no dia 6 de maio, apenas três dias após ser julgado em última instância pelo TAS, em Lausanne, na Suíça. Participou de três jogos do Flamengo no período, contra Inter, Ponte Preta e Chapecoense. Ainda em maio, o TAS ampliou a pena para 14 meses de suspensão. No entanto, o peruano conseguiu efeito suspensivo na Justiça da Suíça para disputar o Mundial de 2018.
O atacante disputou a Copa da Rússia pela seleção peruana, mas caiu na fase de grupos. Deixou a sua marca na vitória por 2 a 0 sobre a Austrália. Em julho, voltou ao Flamengo para aparecer em mais quatro compromissos pelo Brasileirão. Sem acerto para permanecer na Gávea, assinou com o Inter por três temporadas, mas não chegou a estrear. Em 23 de agosto do ano passado, a Justiça da Suíça revogou o efeito suspensivo que dava ao atacante o direito de entrar em campo.
Desde então, ele tentou reverter a suspensão na Justiça suíça, mas sem efeito. Livre do gancho, o atacante voltou a atuar pelo Inter em abril. Desde então, disputou sete jogos, com quatro gols marcados.
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