sexta-feira, 4 de maio de 2018
De saída, Emery admite: "O líder do PSG se chama Neymar. Tinha que fazê-lo feliz"
De saída do Paris Saint-Germain, Unai Emery resolveu abrir o jogo sobre o que ele considera um dos maiores desafios da carreira de técnico: treinar alguém como Neymar. Em entrevista à revista espanhola "The Tatical Room", Emery disse reconhecer que o brasileiro "é o líder" do clube no momento e que o seu objetivo como treinador era "fazê-lo feliz".
- Um dia, Jorge Valdano (treinador argentino) me disse a seguinte reflexão: "No Barça, o líder é Messi; no Madrid, é Florentino Pérez; e no Atlético de Madrid, é Simeone". Um jogador, um presidente e um treinador. Cada vez, um perfil de líder diferente. Sei quando sou a principal pessoa no grupo e quando não sou, é um processo que todo treinador deve viver e experenciar. É algo que se aprende com tempo e experiência. Em cada clube, você deve saber qual o seu papel e o que você atribui ao resto do grupo. Minha opinião é que o líder do PSG se chama Neymar. Ou mais exatamente: o líder se chamará Neymar, porque está se convertendo em um. Neymar chegou ao PSG para ser o líder, para viver o processo necessário para converter-se no número 1 do mundo. No Manchester City, o líder é Pep (Guardiola). E no PSG, o líder deve ser Neymar - declarou Unai Emery.
Neymar e Unai Emery no PSG (Foto: AFP)
- A primeira coisa que fiz esta temporada foi definir qual era a prioridade. E foi isso: tenho que fazer Neymar feliz. Isso é o que vem primeiro, tê-lo feliz, não importa como. Tive muitas discussões com Neymar sobre isso. Algumas não funcionaram, mas outras tiveram muito êxito. Em uma delas, falamos durante 45 minutos de coração aberto. Foi um momento gracioso. Ele me escutou, e pude convencê-lo de certas coisas - completou.
Em certo momento da entrevista, o assunto foi Barcelona - principalmente na era pós-Neymar. E Emery deu sua versão sobre os motivos que fizeram o brasileiro sair do clube catalão.
- Por questão de gosto, eu prefiro o Barça de antes, o de Guardiola, mas o atual também é muito bom. Com o conceito de Luis Enrique, que Valverde retomou e amplificou com seu 4-4-2. Essa é uma das razões pela qual Neymar deixou o Barça, porque o jogo se dirige completamente para Messi, e Neymar se vê obrigado a trabalhar para ele - acredita ele.
Neymar conversa com Unay Emery no treino do Paris Saint-Germain (Foto: BERTRAND GUAY / AFP)
Emery disse, ainda, que o Paris Saint-Germin como um todo precisou mudar - e continua mudando - depois da chegada de Neymar.
- Há alguns meses, um jogador do PSG me disse: "Algo mudou esse ano". É evidente. Não pode ser o mesmo com e sem Neymar. Experimentamos um processo de adaptação mútua com o jogador, um processo que, no entanto, está em marcha. Não é algo instantâneo. Treinar Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar não é fácil: são os melhores do mundo, e isso pesa muito. Devemos nos adaptar a eles. Guardiola no Manchester City não tem uma figura importante que o inclinasse, mas tem grandes jogadores que, no momento da verdade, transformam-se nas figuras importantes. E quando foi necessário tomar decisões radicais, Pep tomou. Por exemplo, com Deco, Ronaldinho ou Ibrahimovic, quando esse último teve problemas com Messi. E ao fazê-lo, evitou problemas sérios - afirmou.
Sobre Champions: "Temos que saber lidar com grandes partidas"
As recentes experiências do PSG na Liga dos Campeões também foram abordadas na entrevista. Diante do atual investimento do clube francês, esperava-se algo a mais na maior competição do continente. Mas a equipe acabou caindo nas oitavas nas duas últimas edições: para Barcelona (2016/17) e Real Madrid (2017/18). Emery acredita que falta à equipe um "momento crucial".
- Pep me disse no ano passado algo fundamental: para ganhar a Champions, o Barça teve que viver dois momentos cruciais em sua história. O gol de Bakero no Kaiserlautern e o gol de Iniesta contra o Chelsea. É isso que falta ao PSG. Poderia ter sido no ano passado quando perdemos por 6 a 1 para o Barça. Ou este ano contra o (Real) Madrid, poderíamos ter rompido isso. Falta essa partida para o PSG, esse momento-chave: ter seu "gol de Bakero". Até sendo inferior, até se não merecer. Mas "pum"! Faz o gol, e seu destino muda - disse.
- Quando isso vai acontecer? É um projeto sólido, tanto em termos de economia quanto desportivo. O que precisa? Paciência e experiência. Meu objetivo era acelerar esse processo. Queria ver se conseguiria, depois de três Ligas Europa consecutivas, dar esse passo a mais. Não conseguimos, mas nos faltou alguma coisa. Temos que saber lidar com as grandes partidas - encerrou ele.
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