segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Técnico que revelou Kaká no São Paulo brinca: "Substituição muito bem sucedida"


Vadão dirigiu o Tricolor no primeiro semestre de 2001 (Foto: Arquivo pessoal / Oswaldo Alvarez)

O placar do Morumbi aponta São Paulo 0 x 1 Botafogo, na segunda partida da final do Torneio Rio-São Paulo de 2001. O resultado dava o título ao Tricolor, mas de forma frustrante, diante de mais de 70 mil pessoas. Eis que Oswaldo Alvarez olha para o banco e vê um garoto magrelo, com espinhas no rosto. Aponta para ele e o coloca em campo.


Técnico responsável por lançar Kaká há 16 anos, Vadão lembrou momentos que passou ao lado do craque, que anunciou no domingo o fim da carreira como jogador. Entre as histórias, aquela noite de 7 de março, quando o meia marcou os dois gols e garantiu o título inédito para o São Paulo, não pode faltar.

"Isso (sorte de colocar Kaká em campo em uma final) é para quem não tem pecado (risos). Essa foi uma substituição muito bem sucedida. Porque o 'Cacá' virou o 'Kaká' naquela noite".
O relacionamento entre os dois começou alguns dias antes. Com elenco reduzido em mãos, Vadão requisitou alguns jovens do time sub-20 que disputava a Copa São Paulo. Como Kaká estava no banco, em recuperação de uma cirurgia na coluna, foi um dos escolhidos e logo chamou atenção.
Kaká comemora título pelo São Paulo em 2001 (Foto: AFP)

Kaká comemora título pelo São Paulo em 2001 (Foto: AFP)
– Quando eu o lancei, ninguém acreditava. Ele não era nem titular dos juniores, foi treinar comigo por acaso. Tinham me falado que o clube tinha um atleta muito bom, mas que estava se recuperando de uma lesão nas costas. Foi aí que me despertou o Kaká. O que mais lembro de interessante foi quando falei que ia dar uma oportunidade a ele de jogar. Ele ficou branco. Ali eu lembro muito bem da expressão dele.


Vadão o treinou por pouco mais de cinco meses e entregou o cargo após ser eliminado para o Grêmio de Tite, nas quartas de final da Copa do Brasil. Depois disso, manteve pouca relação com Kaká, apesar do respeito mútuo. O ídolo, inclusive, citou o nome do treinador em entrevista ao Esporte Espetacular, quando lembrou momentos da carreira.

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De longe, o mestre sempre torceu pelo pupilo, a quem considera um dos maiores atletas que já dirigiu. Vadão também ficou famoso ao revelar Rivaldo, no Carrossel Caipira do Mogi Mirim, em 1992. Os dois craques, curiosamente, alcançaram o posto de melhor do mundo: Rivaldo em 1999, Kaká em 2007, dez anos antes de pendurar as chuteiras.

– Não foi o maior, mas está entre os maiores. Você jogar na Europa e ser o melhor, a concorrência é muito grande. O Neymar até agora não conseguiu, e no Brasil ele era o melhor todo ano. O Kaká conseguiu, o Rivaldo conseguiu. Então tem que tirar o chapéu para esses caras que conseguiram. Uma pena que tenha parado. Ele tem um pouco mais de gás para jogar – diz Vadão.

Com passagens por São Paulo, Milan, Real Madrid e Orlando City, além da seleção brasileira, Kaká encerrou a carreira com 237 gols em 654 jogos. Venceu Liga dos Campeões (2006-07) e Copa do Mundo (2002), entre outros grandes troféus. Agora, vai estudar para iniciar uma carreira como dirigente.

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