sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Morre Aos 17 Anos de Idade,Jovem Promessa do Avaí
Todo mundo que entra em um campo para jogar em um jogo de futebol profissional tem um sonho, uma esperança, um objetivo, que variam, com diversas nuances, entre mobilidade social e realização pessoal através de pequenas metas alcançadas. E 17 anos é, normalmente, pouco tempo para que se alcance esse sonho. Não para Renanzinho, que passou brevemente pelo planeta terra.
Aos 17, ele vestia a camisa 5 do Avaí com a personalidade de um veterano. O menino de Ariquemes, interior de Rondônia, se adonou da posição no meio-campo. Distribuía o jogo, fazia o time andar, aparecia para o ataque, finalizava de fora da área. Era já monitorado e cobiçado por clubes maiores do Brasil e do exterior. Quase foi negociado para o Internacional em troca de Jorge Henrique em 2015. Tinha o mundo para ganhar, desbravar, explorar com a bola no pé. Mas o destino quis que as coisas fossem diferentes.
Ainda em 2015, Renan estava treinando normalmente no Avaí. Parecia um dia como outro qualquer. Mas ele errou umas viradas de bola simples, e se queixou de dores de cabeça. Inicialmente, a suspeita era de problemas na visão. Quando os primeiros exames foram feitos, veio a descoberta do tumor no cérebro. Os planos foram mudados. A prioridade, a meta imediata, era sobreviver. E ele lutou. Muito. Por dois anos. Fez todos os tratamentos recomendados pelos médicos. Descansou nesta quinta-feira.
Jogadores de alto nível vivem no fio da navalha. A carreira curta, a alta competitividade do mundo do futebol, a pressão gigantesca para que tudo dê certo. O medo de acidentes, os riscos de lesões corridos diariamente o nível de exposição e stress fazem com que muitos não aguentem e desistam de pagar o preço. Ainda assim, não é ciência exata. Fazer tudo certinho, embora ajude, não é garantia de sucesso. E há quem se sabote e ainda assim ganhe chances por muito tempo. Há também quem se ache invencível. Até o momento da queda. Tudo isso, claro, é menor, diante de uma fatalidade como esse tumor, que atinge também profissionais de outras áreas.
Renanzinho era do primeiro time. Disciplinado, tranquilo, aplicado. Os relatos mais emocionados dão conta de que ele surpreendia pela pureza, em um mundo tão vaidoso como o do futebol. Os elogios se estendem à família, que batalhou junto com o garoto por cada segundo a mais de saúde, convicência, vida. O clube sempre deu suporte e acompanhamento diário. Cada pequena vitória era comemorada. Em determinado momento, ele chegou a voltar a fazer exercícios físicos.
Assim como vários garotos um pouco mais novos do que ele que tentam o mesmo sonho, Renanzinho passou por um funil estreito que vai eliminando os menos talentosos, ou os menos persistentes. O próprio tempo se encarregará de dizer quem vai desistir do sonho na primeira dispensa, ou deixar de evoluir por uma sequência de lesões, ou bater na trave lá nos profissionais. E vai também selecionar os poucos privilegiados de cada geração que vão chegar a ser jogadores profissionais de alto nível.
Um desses privilegiados parece ser Luanzinho, irmão de Renanzinho, que jogou várias partidas pelos profissionais do Avaí em 2017, também aos 17 anos, e dá sequência ao sonho que também é da família. Com o exemplo de luta do irmão vivo em casa e a chance dada pelo destino de honrar essa oportunidade, que é dada a poucos jovens brasileiros, e homenagear o irmão todos os dias em que entrar em um campo de futebol.
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