terça-feira, 10 de outubro de 2017
Juiz decreta prisão preventiva, e Nuzman permanece preso em Benfica
Carlos Arthur Nuzman continuará preso. Foi o que determinou o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, ao decretar a prisão preventiva do presidente licenciado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) nesta segunda-feira. Nuzman foi preso em sua residência, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na última quinta-feira e desde então permanece na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, onde estão outros presos relacionados à Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Ele divide cela com Leonardo Gryner, diretor de operações do COB, e outros dois detentos, até agora sem direito a visita de familiares. Na mesma decisão judicial, Gryner teve a sua prisão temporária aumentada em mais cinco dias.
Carlos Arthur Nuzman é levado à prisão (Foto: Ag. Estado)
Nuzman é representado na área criminal pelo escritório de Nélio Machado e ainda permanece com seus três passaportes - brasileiro, russo e diplomático - retidos. Por conta dessa medida, ele não compareceu ao Congresso do Comitê Olímpico Internacional (COI) realizado em Lima no mês passado. Nuzman, contudo, só foi punido provisoriamente pelo COI, do qual é membro honorário, após ser detido pela Polícia Federal.
Na última sexta-feira, após breve visita a Nuzman na cadeia, Machado entrou com um pedido de liminar para tentar anular a prisão temporária, mas a medida não foi analisada.
A defesa já havia impetrado um habeas corpus pedindo a anulação dos procedimentos quando foi cumprido o primeiro mandado de busca e apreensão na residência de Nuzman. Na ocasião, foram encontrados R$ 480 mil em cinco moedas diferentes na gaveta do dirigente, bem como novos emails e documentos que levaram os promotores do Ministério Público Federal (MPF) a pedir a prisão temporária autorizada - agora convertida a prisão preventiva - por Bretas.
Por recomendação da Comissão de Ética, o Conselho Executivo do COI decidiu por cortar quaisquer relações com o COB e com o Comitê Rio 2016, além de suspender Nuzman, que estava à frente das duas entidades. Paulo Wanderley, por ora, comanda o COB, que convocou uma assembleia geral extraordinária para quarta-feira para tratar da situação atual.
De acordo com o MPF, a prisão temporária de cinco dias foi motivada pelo entendimento de que Nuzman tentou "conferir aparência de transparência e licitude a bens que estavam ocultos” e foram descobertos na deflagração da Operação Unfair Play (traduzida para Jogo-Sujo), um desdobramento da Operação Lava-Jato.
Após a apreensão de bens, objetos e documentos, Nuzman retificou sua declaração de Imposto de Renda para incluir os R$ 480 mil apreendidos pela PF em sua residência e 16 quilos de ouro guardados em um banco na Suíça. Pela cotação atual, as barras teriam valor aproximado de R$ 2 milhões. As investigações apontaram que o patrimônio de Nuzman cresceu 457% nos últimos 10 anos.
COB polícia federal Lava Jato corrupção Carlos Arthur Nuzman (Foto: Reuters)
Para o MPF, as prisões temporárias de Nuzman e Gryner são imprenscindíveis não só como garantia da ordem pública, como para permitir bloquear o patrimônio e impedir que ambos continuem cometendo crimes e ocultando provas.
O advogado criminal de Nuzman, Nélio Machado, criticou os procedimentos adotados e interrompeu o depoimento do dirigente na sede da Polícia Federal depois de a oitiva ter sido parada para que os membros do MPF e delegados participassem da entrevista coletiva sobre o caso. Nuzman havia sido convocado para outros dois depoimentos antes do dia da prisão, mas em ambos optou por não responder aos questionamentos.
- Parece que no Brasil o sucesso não faz bem, e há um propósito de destruí-lo. E ele já foi hoje atingido de uma forma violenta com a presença da polícia em sua casa. Espero na minha luta em prol do meu cliente que o Brasil retome o comando das regras do jogo, se observe a Constituição, se garantam direitos fundamentais, e se for o caso de acusar, que haja um processo justo e correto, e não o espetáculo - criticou Nélio Machado, no dia em que Nuzman foi preso.
Nuzman tornou-se alvo das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Francês por ser apontado como elemento central de conexão para o pagamento de propina do governo do Estado Do Rio de Janeiro para a compra de votos na eleição que definiria o Rio como sede olímpica de 2016. O dirigente teria facilitado o contato de Arthur Soares, empresário vinculado a operações ilícitas do ex-governador Sérgio Cabral e hoje foragido, a Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack. Lamine, além de votante na eleição do Comitê Olímpico Internacional (COI), era figura de grande influência para outros votantes do bloco africano.
Em junho de 2008 o Rio de Janeiro foi anunciado oficialmente como cidade candidata a sede dos Jogos, ao lado de Chicago, Tóquio e Madri. Foi a primeira vez que passou da primeira fase do processo do COI, após duas eliminações. A Assembleia que definiu a sede foi realizada em outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. Chicago e Tóquio foram as duas primeiras eliminadas na rodada de votação. Na final contra Madri, o Brasil venceu por 66 votos a 32.
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