quarta-feira, 5 de julho de 2017

Times pagam taxas da Libertadores para ex-funcionário da Conmebol



Pelo menos cinco clubes brasileiros que disputam a Taça Libertadores neste ano fizeram pagamentos para uma pessoa que se apresenta como "delegado da Conmebol no Brasil". Dirigentes relataram ao GloboEsporte.com que a soma dos pagamentos feitos em 2017 chega a US$ 200 mil (quase R$ 700 mil). Após ouvir reclamação de cartolas brasileiros, a entidade que comanda o futebol na América do Sul abriu uma investigação interna sobre o caso.
Durante duas décadas, de 1996 a 2015, Dario Goes foi de fato representante da Conmebol no Brasil. Ele coletava dinheiro dos clubes para pagar taxas de arbitragem e despesas de logística relacionadas a jogos da Libertadores e da Copa Sul-Americana.
Procurada pela reportagem, a entidade informou que Goes foi afastado quando Alejandro Domínguez assumiu a presidência da confederação, em janeiro do ano passado. E que deste então não há mais necessidade de pagamento das tais taxas, "porque a Conmebol as paga diretamente".
Dario Goes se recusou a dar entrevista ao GloboEsporte.com. Mas mandou uma mensagem de texto na qual afirma nunca ter sido demitido pela Conmebol.
– Quanto ao meu desligamento da Conmebol, informo que até a presente data nunca fui comunicado pela entidade sobre o assunto. Trabalho para a Conmebol desde o ano de 1996 de forma oficial. A respeito de qualquer procedimento de investigação não tenho conhecimento e não tenho nada a temer – escreveu.
Dario Goes (à esquerda) durante visita a dirigentes da Federação Catarinense de Futebol (Foto: FCF) (Foto: )
Dario Goes (à esquerda) durante visita a dirigentes da Federação Catarinense de Futebol (Foto: FCF)
De acordo com os relatos de dirigentes de clubes brasileiros, a abordagem de Goes ocorre geralmente no dia ou na véspera das partidas, nos estádios ou nos hotéis em que os times estão hospedados. O fato de ter trabalhado tanto tempo para a confederação lhe garante as portas abertas.
– Ele levou entre US$ 5 mil e US$ 7 mil em cada jogo nosso como mandante neste ano. O que fez com o dinheiro? Não sei – disse, sob condição de anonimato, um diretor de clube que ainda disputa a Copa Libertadores de 2017.
O GloboEsporte.com teve acesso a um recibo entregue por Goes a um cartola pelo pagamento de taxas após um jogo da fase de grupos da Libertadores deste ano. O papel tem o logo da Conmebol e um carimbo com o nome de Goes. Os pagamentos são feitos geralmente em dólar e em dinheiro vivo.
Recibo apresentado por Dario ?Goes a um clube brasileiro (Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução)
Recibo apresentado por Dario ?Goes a um clube brasileiro (Foto: Reprodução) (Foto: Reprodução) Recibo
Três semanas atrás, durante reunião na sede da Conmebol, no Paraguai, representantes dos times brasileiros se queixaram de ter de pagar essas despesas. Afirmaram que não queriam mais lidar com dinheiro vivo.
Ouviram de volta – aparentemente pela primeira vez – que a Conmebol banca esses pagamentos (custos de logística, alimentação de hospedagens de funcionários da entidade) e que Dario Goes há mais de um ano não trabalha na Confederação.
A Conmebol confirmou ao GloboEsporte.com que Goes "foi retirado da lista de delegados", que "não está autorizado a representar a Conmebol em nenhum âmbito" e que a reclamação feita pelos clubes brasileiros "está sendo investigada internamente".
Em fevereiro de 2017, Góes visitou a Federação Catarinense de Futebol, onde foi recebido pelo presidente Rubens Angelotti e pelo superintendente Lédio D'Altoé. A reunião se deu quando Góes – segundo a Conmebol – já não representava mais a entidade. Procurado, Angelotti afirmou "não ter conhecimento" da situação.

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