Ex-gestor do departamento de futebol diz cumprir palavra de que sairia caso o técnico Eduardo Baptista fosse demitido do cargo e reitera: no Brasil, não será mais treinador
A demissão de Eduardo Baptista do comando do Atlético-PR nesta segunda-feira acabou levando o gestor técnico Paulo Autuori a pedir demissão do Furacão. Autuori era o treinador do clube até assumir o cargo de gestor do departamento de futebol no Furacão com a chegada de Eduardo Baptista. Inclusive, foi ele mesmo que somou esforços para contratar o técnico, e deixou claro que sairia caso Baptista pedisse demissão ou fosse demitido..Em entrevista na tarde desta segunda-feira ao "Seleção SporTV", voltou a firmar sua posição (assista ao vídeo acima com a entrevista completa).
- Uma coisa que eu tenho que ser é leal comigo mesmo. Não sei se fui bom ou mau técnico, mas sei que a minha carreira eu pautei toda ela em princípios morais que são inegociáveis em decisão a determinadas decisões que tomo. Então, quando da chegada do Eduardo Baptista, eu disse que seria fiel e honesto àquele profissional. E que na hora que o processo fosse interrompido por qualquer motivo, e aqui não estou eu para julgar nenhum lado ou outro, eu cumpriria com aquilo que eu havia falado naquele dia. Ou seja: de que também sairia. Apenas fui fiel e leal às palavras que naquela altura proferi (...). Só sei viver assim.
Paulo Autuori deixou claro também que, com relação ao prosseguimento à sua carreira, não voltará a ser treinador no futebol brasileiro, conforme afirmara quando deixou o cargo no Atlético-PR para assumir a função de gestor do departamento de futebol do clube.
- Como falei também que não voltaria a ser técnico no Brasil, pode ter certeza de que isso irá acontecer. Quando decidi não continuar como técnico não foi por nada, porque adoro a profissão. Adoro futebol. Mas vejo a conjuntura do futebol brasileiro como um todo muito ruim. (...). E a gente não pode confundir performance de seleção brasileira com a realidade e o contexto do futebol brasileiro, do qual eu sou muito crítico. Portanto, não continuarei a minha carreira de técnico no Brasi. Fora do Brasil, estarei receptivo, desde que me agrade e que seja algo em que se possa fazer alguma coisa, não apenas pelo aspecto financeiro, poderia aceitar sem problema algum - disse Autuori
Paulo Autuori reafirma que não será mais técnico no futebol brasileiro (Foto: Monique Silva)
Na nota oficial divulgada pelo Atlético-PR, a demissão de Eduardo Baptista foi justificada pelo fato de o técnico ter tido divergências na implantação de metodologias e filosofias de trabalho no clube. Ainda no comunicado, o clube lamentou a saída de Autuori, que evitou falar neste assunto.
- Eu sei que aí existem as duas partes, elas é que deverão falar. Só gostaria de ser leal àquilo que eu sou, como profissional e ser humano, apenas isso. Agradeço, tenho falado várias vezes. Estando dentro do Atlético Paranaense ou fora, vou falar muito e bem daquilo que é o clube, que oferece condições extraordinárias, tem ideia muito claro daquilo que quer em relação ao projeto que tem, que não fui eu, cheguei aqui já com ele em andamento. Como técnico eu abri a oportunidade de que tudo o que se fazia emergisse já em em relação à primeira equipe, em pensar o futebol de forma única.
O apresentador Marcelo Barreto lembrou que tanto Autuori como Levir Culpi e Dorival Júnior são treinadores com visão crítica às mazelas do futebol brasileiro e questionou se não era a hora de um movimento mais amplo da categoria, e também dos jogadores, para defender o direito de quem exerce a função dentro do campo.
- Concordo em gênero, número e grau. Defendo e cobro, principalmente da minha classe, não posso falar de outras classes, mas da minha é que existem já profissionais com independência moral e financeira que lhes permitem não compactuar e ter uma voz ativa e importante para combater esse tipo de coisa (...) Eu tenho falado ao longo da minha carreira: na minha perspectiva, existem dois verdadeiros protagonistas do fenômeno futebol: jogadores e público. Isso é que faz o futebol ser a paixão no mundo todo. Infelizmente existem outros segmentos que têm tentado ganhar o protagonismo. Isso só estraga o espetáculo (...)
Sobre o seu nome ter sido citado na entrevista coletiva do São Paulo, Autuori negou qualquer contato.
- Não, de maneira nenhuma. Absolutamente.
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