quinta-feira, 13 de julho de 2017
Morre Chuck Blazer, principal delator do caso Fifa e "senhor dez por cento"
Morreu na noite desta quarta-feira, aos 72 anos, o norte-americano Chuck Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e personagem determinante na investigação do escândalo de corrupção na Fifa, em 2015. A confirmação da morte foi dada ao jornal “The New York Times” pelos advogados do ex-dirigente, Eric Corngold and Mary Mulligan, e depois repercutida por outros veículos dos Estados Unidos. A causa da morte e o local também não foram divulgados ainda. No entanto, era sabido que Blazer lutava contra um câncer no reto e outras enfermidades há dois anos e residia em Nova York.
Chuck Blazer, em 2011: norte-americano foi réu confesso e lutava contra câncer no reto (Foto: Getty Images)
O norte-americano ficou reconhecido como um dos maiores delatores na investigação do FBI (a Polícia Federal dos Estados Unidos) e por sua excentricidade. Ele é ex-integrante do Comitê Executivo da Fifa e foi um dos dirigentes mais influentes do futebol de seu país. Chuck assinou uma confissão de 40 páginas na qual admitiu ter recebido suborno nas Copas de 1998 e 2010. Apesar do largo currículo de contraventor, os advogados ouvidos pelo “New York Times” ressaltaram o papel do dirigente na evolução do futebol nos Estados Unidos.
– Sua má conduta, pela qual ele aceitou total responsabilidade, não deve apagar o impacto positivo de Chuck no futebol internacional – declararam Eric Corngold and Mary Mulligan, em comunicado.Twitter de Andrew Das, editor de esportes do "New York Times": "Confirmado: Chuck Blazer, longa vida como executivo no futebol, cujos anos finais foram marcados pela investigação, doença e desgraça, morreu".
A confissão de Blazer lhe rendeu imunidade judicial e evitou uma pena que poderia chegar a 75 anos de prisão. Ele era alvo de dez acusações pelo FBI e devolveu US$ 11 milhões em impostos não pagos à Justiça norte-americana. O ex-cartola também foi banido do futebol em 2015, pouco depois da eclosão da crise na Fifa. Ele viveu os últimos anos lutando contra sua doença.
Em seus 30 anos de vida como dirigente no futebol, Blazer ganhou fama de excêntrico. Dentre os episódios e fatos curiosos sobre sua vida, estão a alcunha de “senhor dez por cento”, em referência às propinas que sempre pedia, o apartamento que mantinha na luxuosa “Trump Tower” – onde o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, cumpre prisão domiciliar – apenas para os seus dois gatos, e encontro com várias personalidades, como Nelson Mandela, o Papa João Paulo II, e a Rainha da Inglaterra.Logo após o anúncio da morte, o “New York Times” divulgou o comunicado feito pelos advogados do dirigente:
Nós estamos verdadeiramente tristes com o falecimento do nosso cliente e amigo, Chuck Blazer. Durante seus 20 anos como secretário-geral da Concacaf, Chuck Blazer foi fundamental ao levar a federação à era moderna. Sua má conduta, pela qual assumiu inteira responsabilidade, não deve manchar o impacto positivo de Chuck no futebol internacional. Com a liderança de Chuck, a Concacaf se transformou de empobrecida a rentável, com mudanças substanciais e melhoras para todos os membros das associações, jogadores e torcedores. Em sua vida adulta, Chuck sentiu-se muito orgulhoso do seu serviço ao futebol. De fato, ele dedicou 30 anos de sua vida para o futebol em todos os níveis do jogo, com seu envolvimento indo de treinador de garotos nos clubes aos serviços no comitê executivo da Fifa.
O anúncio do caso de corrupção envolvendo Fifa e Concacaf no dia 27 de maio de 2015 tornou Chuck Blazer importante. Auxiliando a investigação federal e a ordem de advogados dos Estados Unidos, Chuck quis trazer transparência, prestação de contas e jogo limpo para a Concacaf, Fifa e o futebol em uma visão geral.
Chuck também assumiu responsabilidade por sua conduta alegando culpa e confessando os seus erros. Chuck sentiu profundo arrependimento por suas ações. Ele expressou um sincero remorso a seus ex-colegas e constituintes, e para todos os jogadores e torcedores desapontados com sua conduta.
Chuck Blazer dedicou grande parte de sua vida para tornar o futebol mundial um lugar melhor para jogadores e torcedores. Ele fará falta.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário