quarta-feira, 7 de junho de 2017

Zona de turbulência: aeroporto fechado atrapalha voo da Chape

A Chape teve de conviver com mais um percalço (Foto: Rafaella Fraga/G1)

A Chape teve de conviver com mais um percalço (Foto: Rafaella Fraga/G1) A Chape teve de conviver com mais

Condições climáticas ruins, voos cancelados e partida adiada. O roteiro do duelo entre Chapecoense e Grêmio trouxe à tona um lugar comum até certo ponto óbvio: Chapecó é o destino de mais difícil acesso da Série A do Brasileirão. Ao lado de Ponte Preta e Santos, o Verdão é um dos três representantes da elite com sede no interior, mas a distância de cerca de 500km para capitais como Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis o torna o adversário de logística mais complicada. O retrospecto, porém, desmistifica o vilanismo do Aeroporto Serafim Enoss Bertaso: o duelo de quinta entre catarinenses e gaúchos é o primeiro adiado desde a chegada do clube à Primeira Divisão, apesar da tensão constante para chegar ao Oeste de Santa Catarina - em especial entre os meses de maio e julho.
Ao não conseguir decolar para Chapecó na tarde de terça-feira, o Grêmio repetiu um feito que tinha acontecido somente uma vez desde que a Chapecoense se posicionou entre os principais clubes do futebol nacional. Em 2013, na campanha que valeu a segunda colocação na Séria B, o duelo com o América-MG, marcado para 20 de julho, não aconteceu porque os mineiros não conseguiram decolar e foi transferido para um mês depois. Desde a chegada à Série A, em 2014, o episódio nunca mais se repetiu, e o registro mais relevante envolveu o Palmeiras há duas semanas. Após a derrota por 1 a 0, pela segunda rodada, a delegação precisou esperar quase 24 horas até ter a volta para casa liberada.
O atraso se deu por uma pane elétrica que danificou o balizamento noturno da pista e atrapalhou também a Chapecoense. Depois da vitória por 2 a 1 sobre o Lanús, pela Libertadores, os comandados de Vagner Mancini não conseguiram pousar em Chapecó e precisaram fazer o trajeto de Porto Alegre para casa de ônibus - assim como na última terça-feira. O problema, entretanto, em nada teve a ver com o que adiou o duelo com o Grêmio. Desta vez, um forte nevoeiro foi responsável pelo cancelamento das ações no aeroporto – inaugurado em 1978 - por mais de 24 horas, em registro inédito para o superintendente aeroportuário Eglon Buraseska:
- A condição é anormal. Por mais que tenhamos um índice grande entre maio e julho, nunca pegamos uma condição de ficar tanto tempo fechado. O que chamou a atenção foi a intensidade deste nevoeiro.
O funcionário do aeroporto utiliza as estatísticas de 2016 para embasar sua teoria de que o adiamento de Chape x Grêmio foi causado por algo atípico. No ano passado, apenas 0,7% dos voos sofreram alteração, incluindo condições climáticas e de manutenção. A estimativa é de que cerca de 5 mil aeronaves pousem ou decolem de Chapecó anualmente e, no máximo, 80 delas têm as ações canceladas. Por outro lado, 50% destas intercorrências acontecem entre os meses de maio e julho, diante do rigoroso inverno da região.
- Não existe aeroporto no mundo que não feche ou cancele voo. Mas se cancelar em Guarulhos, tem Campinas, Congonhas... Floripa tem Navegantes. Aqui, se fechar, não há aeroporto próximo que opere - ressaltou Eglon.
O funcionário explicou ainda que o incidente não se deve ao tamanho do aeroporto de Chapecó, que, segundo ele, conta infraestrutura atualizada. As condições climáticas da região é que reforçam a precaução com as condições básicas de segurança:
- Apesar de ser um aeroporto de porte médio, temos um sistema de navegação moderno, mas, na parte da navegação, precisamos levar um veículo aéreo de um ponto a outro em segurança. Para isso, é preciso que homem, máquina e meio estejam convergentes. O nevoeiro impediu a visibilidade, e quando o aeroporto de destino está fechado, o de origem não tem autorização para decolagem.
Com a trégua nas chuvas na região de Chapecó, o Aeroporto Serafim Enoss Bertaso passa por avaliação no início da manhã desta quarta-feira. A princípio, a delegação do Grêmio viaja para Chapecó de ônibus no início da tarde para a partida de quinta, às 20h (de Brasília), pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. Independentemente da opção de transporte dos gaúchos, a mensagem está dada: até o fim do inverno, pousos e decolagens em Chapecó são uma incógnita. Por mais que este tenha sido o primeiro adiamento em quatro anos de Série A, é bom ficar atento.

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