Jornalista brasileiro revela terror durante incidente em Turim: “Pânico e tensão”

Victor Bastos, repórter da Globo Recife, foi uma das 1.527 pessoas feridas após uma falsa ameaça de bomba na metrópole italiana durante exibição da final da Champions entre Juve e Real. Confira o seu relato sobre o ocorrido na Praça San Carlo
Jornalista brasileiro revela terror durante incidente em Turim: “Pânico e tensão” Jornalista brasileiro revela terror durante incidente em Turim: “Pânico e tensão”


Cerca de 40 mil pessoas lotaram a praça San Carlo, em Turim, no úlimo sábado, para acompanhar por um telão a decisão da Liga dos Campeões entre Juventus e Real Madrid, disputada no País de Gales. Mas o que era para ser uma confraternização terminou em tragédia: logo após o terceiro gol do time espanhol, um falso alarme de bomba gerou correria e mais de 1.500 pessoas acabaram feridas. Entre esses machucados, Victor Bastos, repórter da Globo Recife, que fez um relato sobre os momentos de tensão. Confira abaixo na íntegra:
"Em um país apaixonado por futebol, assim como o nosso, um clube é soberano - isto já diferente de nós. Na Itália, não precisa andar, conversar ou observar muito para entender que uma Velha Senhora é do povo. Ao lado dos grande existe um gigante!
Neste sábado, mais de 40 mil pessoas de línguas, culturas e interesses diferentes se reuniram na Praça San Carlo. Entre as incontáveis experiências que já tive em eventos esportivos, certamente esta era uma das mais espetaculares. Bandeiras, cores, músicas, festa... Amor a uma instituição. Fui de Milão para Turim apenas para sentir tudo isso. Viver de perto essa experiência.
Sonho transformado em pesadelo depois de um barulho que os europeus carregam nos olhos. O terrorismo virou uma sombra, anda ao lado de cada um por aqui. Imagina, então, milhares no mesmo local depois do “buuuum”!

Confusão e briga entre torcedores da Juventus em Turim durante a finais da Champions
Estava a 50 metros do local da explosão (onde assisti a boa parte do jogo e de onde tinha saído pouco antes). A partir daí foi pânico e tensão. Gente aos montes sendo pisoteada. Cercando as saídas de toda a praça existiam grades de ferro - justamente para controlar o que podia ou não entrar.
Numa dessas barreiras machuquei minha perna e minha boca enquanto pulava e fui empurrado. Corri aproximadamente 6km até a estação central de trem. No caminho muita gente ferida, sangrando, desmaiada. Objetos perdidos (sapatos, bolsas, celulares). Gente se aproveitando para roubar).

No meio de algo tão ruim ainda deu para reconhecer que existe gente do bem demais. Conheci um italiano que estava perdido do amigo e estava voltando para Milão. Depois que o outro apareceu, peguei uma carona, já que não queria ficar em Turim.
Até aí ninguém sabia de nada. Terrorismo ou não, a sensação era única: medo. Carros de ambulância e polícia seguiram passando. Os italianos falavam em terror, morte... Eu só queria falar com minha família e meus amigos. Até peço perdão se assustei alguns. Mas não custa dizer de novo: amo vocês!"