sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Com críticas ao juiz, Micale não joga a toalha pelo título, mas foca no Mundial

Técnico diz que enfoque deve ser na classificação para o Mundial, poupa atletas e questiona arbitragem: “É uma pena que um juiz argentino tenha um dia tão infeliz”



Dois jogadores expulsos, uma virada, e o sonho de trazer de volta o título do Sul-Americano Sub-20, que não vem desde 2011, virou um objetivo distante. De forma mais mensurável, são cinco pontos de nove ainda em disputa. Essa foi a diferença que o Uruguai abriu em relação ao Brasil com a vitória desta quinta por 2 a 1 em Quito – com direito a gol no último minuto de jogo (assista aos melhores momentos acima). Com poucas chances de buscar a taça, o técnico Rogério Micale, que se mostrou inconformado com a escolha do árbitro argentino Dario Herrera para apitar a partida, não quis jogar a toalha, mas deixou bem claro que o enfoque agora deve ser buscar uma das quatro vagas para o Mundial da Coreia, em maio.
Rogério Micale Brasil x Uruguai Sul-Americano Sub-20 (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)Rogério Micale Brasil x Uruguai Sul-Americano Sub-20 (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)
- Vamos nos focar na classificação e acompanhar o Uruguai. É uma questão matemática. Vamos depender dos tropeços do Uruguai. Eles abriram cinco pontos, mas está tudo muito equilibrado. Vamos buscar jogo a jogo e precisamos aumentar a pontuação. Se vermos a possibilidade de brigar pelo título, vamos brigar. É um hexagonal com mais três jogos, e a equipe que mais pontuar leva. Então, todo jogo é uma final. A margem para um time ser campeão é de 10 pontos. Ainda podemos chegar lá. Vamos passo a passo, mas daremos um enfoque na classificação, que é um objetivo nosso – disse o técnico campeão olímpico, após a derrota desta quinta-feira.
Assim como na rodada anterior, no empate com o Equador, o Brasil saiu na frente, deu a impressão de que levaria a vitória na saída para o intervalo, mas viu o adversário reagir na segunda etapa. Desta vez, com o agravante de que teve seus dois adversários expulsos e a consequente virada uruguaia. Mas Micale encarou essa oscilação como natural quando se trabalha com jogadores entre 18 e 20 anos.
 - Eu acho que estamos trabalhando com jovens que oscilam. Estão bem na partida e deixam de matar o jogo. Depois, sofrem o gol quando o adversário não apresenta perigo e isso gera um nervosismo, um descontrole. Na partida desta quinta, as expulsões atrapalharam e ainda tomamos um gol no último minuto.
“É uma pena que um argentino tenha um dia tão infeliz”
Se não quis cobrar publicamente dos jogadores, Micale gastou toda a sua munição contra a escolha do árbitro argentino Dario Herrera. E o critério utilizado pelo argentino foi bastante questionado pelo treinador brasileiro.
- Na verdade, tenho que tirar o peso dos jogadores. Tivemos boas chances e infelizmente não conseguimos. Acho que houve uma infelicidade, vamos dizer assim. Não vi as expulsões. Mas acho que o árbitro não adotou o mesmo critério. Teve um pênalti no Richarlison e acho que o árbitro foi muito rigoroso com o Brasil. É uma pena que um argentino, cuja seleção de seu país ainda está participando da competição, tenha um dia tão infeliz. 
Léo Jabá Brasil vê uruguaios Sul-Americano Sub-20 (Foto: EFE)Léo Jabá Brasil vê uruguaios Sul-Americano Sub-20 (Foto: EFE)
As críticas de Micale ao árbitro argentino não pararam por aí – e sobrou até para a tabela da Conmebol, que colocou os quatro primeiros jogos do Brasil em um intervalo de oito dias, enfrentando sempre adversários que vinham de folga na rodada anterior.
- Acho que o melhor critério seria escolher alguém que não tenha nenhum tipo de interesse. A situação foi estranha para a gente. Não vou falar da expulsão para não criar injustiça. Mas os amarelos foram muito estranhos. Então, se ele errou... questiono o critério. Não entendi essa última falta do Lyanco. Ele mandou seguir o jogo naturalmente e vinha com ar sarcástico para cima de mim. Acho que (um juiz argentino) não poderia apitar. Tem um monte de coisa que tem que ser revista nessa competição. Desde a tabela lá atrás. Hoje foi o Brasil, mas amanhã será outro. Toda competição terá um país prejudicado – completou Micale.
Agora, desfalcado de sua dupla de zaga titular nesta quinta, o Brasil de Micale encara no domingo a Venezuela, que venceu o anfitrião Equador por 4 a 2 nesta segunda rodada. Com mais três partidas pela frente, o confronto será decisivo na briga por uma das vagas no Mundial.

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