quinta-feira, 28 de julho de 2016

Pedradas, gás, bomba e criança ferida marcam retorno da Tocha ao Rio

Protesto impede condução da chama olímpica em dois dos três trechos previstos em Angra. Forças de segurança foram acionadas para conter ação dos manifestantes



Uma confusão provocada por uma manifestação popular marcou o retorno da Tocha Olímpica ao estado do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira. Em Angra dos Reis, carros da imprensa foram apedrejados, o que exigiu que as forças de segurança fossem acionadas. Para conter os manifestantes, a polícia chegou a usar gás de pimenta e bombas de efeito moral. Uma criança foi ferida e levada para o Hospital Geral da Japuíba, que confirmou o atendimento à vítima mas não deu nenhum detalhe. Por conta disso, as gêmeas do nado sincronizado Bia e Branca Feres e o atleta da paracanoagem Fernando Fernandes, que estavam entre os condutores, nem chegaram a carregar a tocha.
Por questões de segurança, o revezamento aconteceu em apenas um dos três trechos que estavam previstos na cidade. O protesto impediu que a chama fosse conduzida logo na chegada, pelo bairro Japuíba. Autoridades estudaram a possibilidade de cancelar o evento, mas o revezamento foi mantido. O comboio deixou o local e seguiu para o Centro, onde finalmente a tocha foi conduzida pelas ruas.
Revezamento em Angra dos Reis (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)Comboio foi recebido pelos manifestantes com lixo na Praia do Anil (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)
Houve mudança no esquema de organização: cada condutor ficou menos tempo no revezamento. Os primeiros que estavam programados conduziram a chama em grupo. Na chegada à Praia do Anil, último ponto do revezamento, os protestos recomeçaram. Manifestantes atiraram lixo e fizeram barricadas para impedir a chegada do comboio.
As forças de segurança, com homens da Polícia Militar e das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, tentaram preparar a chegada do comboio à Praia do Anil. Um palco foi montado no local para as festividades após a passagem da tocha, mas a organização resolveu dar fim ao evento. Até a publicação desta não havia informações sobre manifestantes detidos.
Revezamento em Angra dos Reis (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)Forças de segurança tentaram impedir ação dos manifestantes (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)
A chama passaria a noite ao lado das Estátuas dos Três Reis Magos, ponto turístico da cidade, mas, por questões de segurança, ela foi conduzida a um hotel onde a organização do Tour da Tocha ficará hospedada. Apesar dos transtornos, a previsão é que a programação seja mantida nesta quinta-feira, quando o fogo será levado para uma alvorada caiçara na Ilha Grande.
Angra dos Reis foi o segundo município do Rio de Janeiro a receber a chama olímpica nesta reta final do tour — antes, em maio, ela já havia passado pelo noroeste do estado. Mais cedo, o fogo chegou ao Sul do Rio pelas ruas históricas de Paraty, onde não foram registrados transtornos. Depois de passar pela Ilha Grande, o revezamento seguirá para Rio Claro, Resende, Barra Mansa, fechando a quinta-feira em Volta Redonda.
Tour da Tocha em Paraty (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)Tour da Tocha em Paraty (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)

Revezamento tranquilo em Paraty
Em Paraty, o revezamento ocorreu sem problemas. Um dos caminhos do ouro no período colonial do Brasil, a cidade histórica tornou-se o caminho de outro símbolo de desejo e admiração. A chama olímpica chegou ao portal do município por volta de 16h, horário previsto.
Tour da Tocha em Paraty (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)Domingos Lício foi o primeiro a conduzir Tocha em Paraty (Foto: Renata Loures/TV Rio Sul)
O primeiro condutor foi o corredor paratiense Domingos Lício, representando a cidade. A chama ainda passou pelas mãos de outros 13 condutores. Alguns deles, percorreram o Centro Histórico e  tiveram que ter muito cuidado durante o percurso, porque as ruas desse trecho são feitas de pedra. Por isso, quem conduziu a tocha nesse ponto teve que ir andando, e não correndo.

— Foi uma emoção muito grande carregar a tocha, ainda mais sendo morador da cidade de Paraty – disse Domingos Lício, que é atleta amador.
Além dele, o morador Gabriel Amorim também carregou a chama. Do alto de seus 1,38m, ele se tornou um gigante durante o percurso. A estudante Pauline de Souza, mestranda na universidade de Conneticut, viveu a mesma emoção. Na cidade da Festa Literária Internacional (Flip), Pauline é uma das que tentam promover a leitura em Paraty, através de um trabalho social.
— Eu nasci na comunidade da Maré, em Bonsucesso, no Rio de Janeiro, e moro junto com minha família em Paraty, há mais ou menos 16 anos. Oito anos atrás, pelo meu envolvimento comunitário, eu comecei a ganhar bolsas de intercâmbio. Amo essa cidade, amo minhas raízes. A história de você ser um condutor da tocha, meio que serve como um fomento da coisa boa que é o Brasil, da garra que a gente tem enquanto brasileiros. Estou hiper-animada e que comecem os Jogos Olímpicos - comemorou a estudante. Antes de Paraty, a Tocha passou por Ubatuba, a última cidade do estado de São Paulo e sediar o revezamento.

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