Discussão no vestiário durante jogo contra o Madureira foi a gota d'água para mal estar entre atacante e técnico. Próximos dias dirão se presidente saberá lidar com a situação
Fred diz que não joga mais com Levir Culpi
Os últimos dias nas Laranjeiras foram de tensão, decepções e manobras. Pela terceira vez, em sete anos, Fred pode deixar o Fluminense. Não por causa de perseguição de parte da torcida revoltada com caipirinhas, não por causa de alguma proposta milionária do exterior. Desta vez, o motivo é decepção e frustração. Do próprio Fred. E a gota d´água foi uma palavrinha. Humilhação.
Foi durante a tal discussão no vestiário durante o jogo contra o Madureira. Fred entrou bravo túnel adentro. Achou que devia ter recebido mais bolas. E, como em outras vezes, já que é uma espécie de padrinho da molecada de Xerém, deu uma bronca nos afilhados. Especialmente em Marcos Júnior.
Levir viu. Alguns treinadores respeitam o código dos jogadores. Deixam a poeira baixar e se posicionam depois. Ou não. Levir pensou diferente.
E interveio na hora. Disse que Fred não podia humilhar os garotos da base. Fred argumentou com o “professor”. Falou que desde 2014 se preocupava com a molecada. Por isso, tinha respaldo para reclamar desta forma. Não era a primeira vez que discutiam assim. Coisas do futebol.
Levir foi mais claro ainda. Falou para todos que quem manda no vestiário é ele. Pierre puxou Fred, tentando acalmar o capitão. Os jogadores, principalmente os mais jovens, assustados, não deram um pio. E a tal palavrinha voltou. Humilhação.
Fred sentiu-se humilhado. Desde que decidiu ficar no Fluminense até o fim da carreira, estava muito à vontade para continuar a exercer o papel de líder. Para muitos, já é o maior ídolo da história do clube. Mas, pela primeira vez, sentiu que esta liderança estava sendo minada.
Conhecia o histórico de Levir, que no Atlético Mineiro bateu de frente com Ronaldinho Gaúcho e Tardelli. O primeiro saiu do clube, o segundo reclamou, mas depois fez as pazes com o treinador e foi campeão da Copa do Brasil.
Tem mais. Fisicamente sua fase é boa, tem se dedicado, não é mais um garotão de Ipanema e vinha batendo recordes de artilharia dentro do clube. É o terceiro maior artilheiro da história, com 167 gols, atrás de Waldo ( 319 gols) e Orlando Pingo de Ouro ( 184 gols).
Estava tranquilo. Não está mais. Jamais pensou que, como capitão, levaria uma bronca do treinador. Pediu uma reunião com a diretoria. Jogou todas as suas fichas. Com Levir não dá.
Peter Siemsen, como torcedor, é fã de Fred. Peter Siemsen, como presidente, já teve problemas com Fred. Há dois anos, com salários atrasados e sentindo-se manipulado, Fred entrou na sala de Peter e discutiu feio com o cartola. Feio mesmo.
Levir Culpi é um cara divertido, cheio de frases de efeito e presença constante no "frases da semana" do Redação SporTV. Porém, no vestiário, é exigente e defende a hierarquia. Chegou ao Fluminense com respaldo para fazer o que quiser. Inclusive diminuir o poder de Fred, um craque cheio de personalidade e que claramente incomoda alguns cartolas.
Cuca, Muricy, Cristóvão, Abel… esses souberam lidar com o capitão. Levir deu entrevista antes do jogo contra o Volta Redonda dizendo que não tem nada contra Fred. Foi instaurado o Fredgate. A queda de braço é evidente entre o ídolo e o novo treinador. Parte da torcida ama Fred. Parte da torcida ama Fred, mas acha que o ciclo acabou. Toda a torcida ama o Flu.
Fred ainda tem muita lenha para queimar no futebol brasileiro. Cuca gosta dele. Ele gosta de Cuca. Palmeiras? Cruzeiro anda fraco e gosta de Fred. Minas?
Os próximos dias dirão se o presidente Peter Siemsen saberá lidar com a situação. Vai ser preciso calma. Vai ser preciso inteligência para aguentar a pressão desta queda de braço, cheia de vaidades de ambas as partes.
Ele quer isso? Ou o presidente prefere manter Levir, liberar Fred e rearrumar a folha salarial?
O nível do campeonato estadual é fraco, mas o time voltou a ganhar e ainda está na final da Primeira Liga. Por enquanto, a maré o favorece.
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