Prédio do Atlético-MG, no bairro de Lourdes, foi modernizado. Fachada ganhou
nova cara, e sala de troféus virou um memorial, com proteção redobrada
Compare a antiga fachada (à esquerda) da Sede do Galo, com atual, de fachada remodelada (Foto: GloboEsporte.com)
É isso mesmo. O novo memorial, que tem esse nome por não se limitar a troféus, tem vidros blindados, à prova de balas. E a segurança não é só contra tiros. O Atlético-MG pensou em proteger o prédio, também, contra o sol e o calor, por exemplo. O GloboEsporte.com foi à sede atleticana para descobrir segredos da reforma que você, provavelmente, ainda não sabia. E quem nos ajuda a contar essa história é o presidente do Centro Atleticano de Memória, Emmerson Maurílio, que explica as principais mudanças no local e algumas novidades.
Fachada e memorial foram inaugurados no último domingo (Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG)
- É uma mudança de conceito. Com a revitalização da sede, a gente teve a oportunidade de fazer a nova sala de troféus, e foi feito todo um processo de segurança. Os vidros são blindados, à prova de bala. Está sendo colocada uma película para ajudar na proteção dos raios solares, a sala é climatizada. Tudo isso pensando na proteção das peças. O sistema de segurança tem alarmes, câmeras e todo um aparato. A sala anterior esquentava muito, e isso danifica o material, danifica a madeira, escurece a prata. Agora, com essas novas condições de trabalho, a gente pode colocar material em tecido, que são as camisas, que não serão prejudicadas e serão protegidas.Objetos que complementam a história das taças.
Não são apenas troféus e camisas. O novo memorial tem até grama (do campo do Mineirão, do dia da final da Libertadores de 2013 contra o Olímpia, do Paraguai). Devido às novas condições físicas do local, todos esses objetos podem ser expostos, ao lado dos troféus, enriquecendo e ilustrando a história centenária do Galo.
- A gente tem, por exemplo, as três taças da excursão para a Europa em 1950 e, junto, temos os objetos da época. A mala que o Kafunga (goleiro do Galo naquele ano) usou na viagem, a máquina fotográfica que eles usaram pra tirar as fotos na época, a bandeira do período. Da Taça Libertadores, temos a camisa da Santa (Nossa Senhora) que o Cuca usou durante todo o campeonato, a camisa original. Tem a chuteira original do Victor, que ele usou contra o Tijuana, tem o spray que o árbitro usou na final, os cartões da final, tem uma camisa usada pelo Ronaldinho, tem a medalha de campeão. Isso tudo permite que você enriqueça a história e vá além da taça. A taça já tem toda uma energia e uma emoção, mas você complementa isso com os outros objetos.
Novo memorial tem vidro à prova de balas e climatização (Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG)
Você deve estar se perguntando como o clube conseguiu reunir todos esses materiais. O trabalho, que não é simples, ficou nas mãos do Centro Atleticano de Memória, que corre atrás dessas relíquias e consegue os objetos de diversas maneiras.
- No caso da camisa do Cuca, na época ele fez umas camisas iguais para distribuir pros funcionários. Logo após o término da Libertadores, procurei ele pra pedir uma delas. Ele disse que não tinha mais, mas disse que nos daria a original. Aí ele me deu. O Victor foi a mesma coisa. Brinquei com ele que todos pedem camisa e luva, e eu pedi a chuteira, para ilustrar a defesa do jogo contra o Tijuana. Ele disse que estava com a original e perguntou se eu queria, eu ri e disse que com certeza eu queria. Aí ele fez a doação. Elas estão ali, pra todo mundo ver. Os dois pés, não só o esquerdo - explicou Emmerson Maurílio.
Estrutura agora é de metal e granito (Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG)
"Tesouro" de taças
Apesar da modernização, a sala de troféus não teve seu tamanho expandido. Para que os novos objetos fossem expostos, metade das taças que eram exibidas antigamente foram retiradas de lá e passadas para uma espécie de “sarcófago”, um depósito construído embaixo do próprio memorial. Muito se engana quem acredita que todos os troféus conquistados pelo Galo estão à mostra. Lá fica apenas uma parte deles.
- A história é gigantesca, são mais de 100 anos. Essa sala hoje tem aproximadamente 200 troféus. Antigamente, a estrutura era de alvenaria. Hoje ela é metálica, com granito por cima. A sala ficou do mesmo tamanho, mas para a gente poder trabalhar com outros objetos e também para espaçar um pouco mais, porque eles estavam muito apertados, para melhorar a visualização. A gente reduziu um pouco o que está em exposição. Hoje, são 200 peças. A gente tinha 400. É interessante que embaixo dessa sala foi feito um depósito onde as outras taças foram guardadas. A gente vai fazendo um rodízio. É interessante também complementar que além das 200 que estão expostas, e as outras 200 que estão embaixo, a gente ainda tem a sala de troféus da base, que fica na Cidade do Galo, com 300 troféus, aproximadamente. E a gente tem outro depósito com mais 2500 peças. Então são mais de 3000 peças, não só troféus, mas homenagens e placas. Nesse período todo que estivemos em reforma, catalogamos todo o material. Esse material que está exposto, nós também fizemos uma limpeza, dentro das normas, para poder dar um brilho nelas, porque estavam merecendo.
A nova fachada
A nova fachada da sede administrativa do Galo é um projeto do arquiteto atleticano Bernardo Farkasvölgyi. Um painel externo, de 33,5m por 10,5m, com placas pretas de metal furadas, foi instalado sem nenhuma reforma estrutural no prédio - o que é chamado de envelopamento. A rapidez foi devido à pressa que o Presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, tinha para ver tudo pronto. O arquiteto explica melhor como surgiu o convite e como foi o processo criativo.
Prédio foi "envelopado" com estrutura de metal (Foto: Guilherme Frossard)
- No começo de dezembro, o presidente Daniel Nepomuceno me chamou com a proposta de dar uma modernizada na fachada da sede. Eu, como sou atleticano, respondi que achava muito legal. Dentro dessa linha de modernização do Atlético, eu achei uma ideia muito boa criar uma nova identidade visual para o local. Ele disse que queria que ficasse pronto muito rápido, junto com o lançamento dos novos uniformes. Eu disse pra ele que a gente tinha que fazer algo mais simples, que não adiantava fazer algo que fosse quebrar fachada, colocar revestimento ou algo assim. Aí que veio a proposta do envelopamento. No fundo, isso é quando você coloca a fachada sobre algo já existente. Quando a gente criou, pensei que não poderia fechar com algo preto, fechado. Desde o princípio, a ideia era uma coisa vazada. Pensei com tela, e aí pensei nessas placas, com aquelas furações. Não é um material barato, mas também não é caríssimo. O prédio ficou branco atrás, a gente envelopou ele com as placas pretas, e aí dá aquela impressão de branco e preto de dia.
De dia, alvinegro. De noite, iluminado. Depois que anoitece, o grande escudo atleticano que fica em cima do memorial acende e fica ainda mais imponente. O torcedor que está estranhando a ausência da estrela de Campeão Brasileiro sobre o escudo não precisa se preocupar. Ela será instalada ainda essa semana. A obra foi rápida, mas mudou completamente a identidade visual do local.
Mudanças. Essa palavra significa muito para os atleticanos nos últimos anos. Dentro de campo, foi da água para o vinho - do quase rebaixamento ao título da Libertadores. Agora, fora dele, o novo visual é só um reflexo da consolidação do conteúdo. E, claro, isso orgulha, e muito, o torcedor.
(*) sob supervisão de Gabriel Duarte e Maurício Paulucci.
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