Superior Tribunal de Justiça Desportiva alega não ter capacidade para "modificar decisão disciplinar da arbitragem", mas pede para CBF tomar conhecimento
STJD vê equívoco em expulsão de David Braz, mas nega pedido do Santos (Foto: Ivan Storti/Santos FC)
O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) recusou o pedido que o Santos fez para suspender o cartão vermelho recebido pelo zagueiroDavid Braz, na derrota por 2 a 0 para o Corinthians, na 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Apesar disso, em documento, o órgão leva a discussão à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pede investigação.
Em liminar enviada ao STJD, o Peixe alega que o árbitro Flávio Rodrigues Guerra expulsou Braz após pênalti cometido pelo lateral-esquerdo Zeca em Vagner Love. Na súmula do clássico, porém, o juiz relata xingamentos do zagueiro santista para justificar o cartão vermelho, que o tirou da vitória por 3 a 1 sobre o Internacional, no último domingo.
Para contestar a decisão e os argumentos de Flávio Rodrigues Guerra, o Alvinegro utilizouimagens capturadas pela TV Globo, que mostram o árbitro perguntando ao auxiliar Rogerio Pablos Zanardo quem teria cometido o pênalti em Love. O bandeira, prontamente, responde que "foi o David Braz".
Apesar de ter negado o pedido do Santos, o presidente do STJD, Caio Cesar Rocha, acredita que "houve mesmo equívoco do árbitro na aplicação do cartão vermelho ao atleta David Braz". Segundo o documento assinado por ele e direcionado ao Peixe, "são várias as razões que indicam esta conclusão".
Caio Cesar Rocha diz ser "inconteste" o fato de Braz não ter participado do lance que originou o pênalti em Vagner Love, cometido por Zeca. "Não há tampouco nos vídeos qualquer indicação de que o atleta David Braz tenha ofendido o árbitro", relata, ainda. O presidente também não descarta a possibilidade de Flávio Guerra ter mentido na súmula, mas diz que "são fatos a serem apurados em outro procedimento (...) pela Procuradoria do STJD".
David Braz contesta decisão de Flavio Rodrigues Guerra após pênalti em Vagner Love (Foto: Marcos Ribolli)
"O árbitro não possui superpoderes, e não é infenso a erros. Ninguém poderia exigir dele ou de qualquer um a perfeição absoluta. O erro de arbitragem é fato inerente ao futebol, admitido pelas regras do próprio esporte. O que é absolutamente inadmissível é o árbitro faltar com a verdade a fim de justificar ou mesmo esconder um equívoco seu", diz o documento, que também pede punição ao árbitro caso a "falsidade" seja constatada.
O STJD alega não aceitar a liminar do Santos porque o artigo 58-B do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) da CBF "não permite a revisão de decisão disciplinar da arbitragem, pelo menos não para beneficiar quem eventualmente foi prejudicado, apenas para apenar ato que tenha escapado da visão ou da melhor interpretação da arbitragem".
Por fim, o documento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva cita o artigo 146,3 do Código Disciplinar da Fifa, chegando à conclusão de que "deve haver forma de correção de equívocos óbvios de decisões disciplinares da arbitragem, ficando a critério da entidade, no caso a CBF, os métodos e a forma como se daria essa retificação".
Assim, o processo foi encaminhado pelo STJD à Confederação Brasileira de Futebol, para que o caso seja analisado. David Braz já cumpriu a suspensão automática e ainda será julgado pelo cartão vermelho.
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