Companhia vai vender 100% dos ativos do estádio construído em Natal para a Copa do Mundo no Brasil e 50% da participação na Arena Fonte Nova, de Salvador
No ano seguinte em que foi um dos palcos da Copa do Mundo no Brasil, a Arena das Dunas já será colocada à venda. Investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal - que apura grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiros e políticos do país -, o Grupo OAS, além de confirmar em nota a negociação do estádio, apresentou nesta terça-feira pedido de Recuperação Judicial de nove de suas empresas à Justiça do Estado de São Paulo. E não só os 100% dos ativos da Arena das Dunas serão colocados à venda, como também 50% da Arena Fonte Nova, de Salvador, também palco do mundial.A construção da Arena das Dunas custou R$ 423 milhões, com R$ 100 milhões investidos pela OAS e o restante financiado pelo Governo do Rio Grande do Norte através do BNDES - o que vai resultar no total de R$ 1,2 bilhão. O estádio foi inaugurado no dia 22 de janeiro de 2014 e recebeu quatro jogos da Copa do Mundo 2014.
As dificuldades da OAS começaram em novembro, a partir das investigações sobre a Petrobras e o suposto envolvimento em corrupção pela operação Lava Jato, da Polícia Federal. - O setor de infraestrutura depende de financiamento intenso de capital para o desenvolvimento dos projetos que dão suporte ao crescimento econômico do país. Desde o início das investigações na Petrobras, as instituições financeiras têm sistematicamente restringido o acesso das empresas aos recursos necessários para a manutenção das obras. Com quase 40 anos de vida, a OAS se vê impelida a tomar medidas que lhe permitam continuar a operar num processo saudável de renegociação das dívidas, preservando milhares de empregos diretos e indiretos - afirma Fabio Yonamine, presidente da OAS Investimentos.
Serão colocadas à venda a participação da OAS S.A. na Invepar (24,44% do negócio), a fatia no Estaleiro Enseada (17,5%), a OAS Empreendimentos (80%), a OAS Soluções Ambientais (100%), a OAS Óleo e Gás (61%) e a OAS Defesa (100%).
Em nota, a OAS diz que "o pedido de Recuperação Judicial não inclui as Sociedades de Propósito Específico (SPEs) da OAS Empreendimentos, que são responsáveis pela incorporação e construção de empreendimentos imobiliários em vários estados brasileiros. Dessa forma, todos os compradores de imóveis não serão afetados por qualquer acordo estabelecido dentro da Recuperação Judicial".
Também foram excluídas da Recuperação Judicial a Arena das Dunas, a Arena Fonte Nova, a OAS Soluções Ambientais e a OAS Óleo e Gás, além das participações da OAS na concessionária Porto Novo, no Estaleiro Enseada, na OAS Logística, na OAS Energy e na OAS Defesa.
Palco da Copa
Depois de dois anos e cinco meses de obras, a Arena das Dunas foi inaugurada no ano passado e ficou marcada pelos confrontos da Copa do Mundo 2014 em Natal. Foram quatro partidas, oito seleções e 159 mil torcedores de várias partes do planeta ocupando as arquibancadas - uma média de quase 40 mil espectadores por jogo. Entre as disputas, destaca-se o encontro das campeãs mundiais Itália e Uruguai, em um duelo emocionante e decisivo que eliminou os italianos da competição. O estádio também foi palco da polêmica mordida do atacante uruguaio Luis Suárez no zagueiro italiano Giorgio Chiellini.
A capital potiguar recebeu ainda outras três partidas na primeira fase do Mundial. A primeira, entre México e Camarões. Os mexicanos venceram por 1 a 0. Os outros jogos foram Gana 1 x 2 EUA e Japão 0 x 0 Grécia.
Elogiado pela sua arquitetura e por suas 20 "pétalas" que compõem a cobertura, simulando a paisagem das dunas potiguares, a Arena das Dunas é vista como uma das mais bonitas do país. Além de sediar a Copa, o gramado já foi palco para a decisão do título do Campeonato Potiguar de 2014, conquistado pelo América-RN. Além disso, recebeu jogos de grandes clubes brasileiros, como Cruzeiro e Flamengo, pela Copa do Brasil, quando as torcidas locais promoveram grandes mosaicos nas arquibancadas.
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