Treinador e ex-atacante se encontram em reunião e parcelam pagamento de débito. Com decisão, Luxa poderá voltar a receber integralmente seu salário no Flamengo
A reaproximação que começou durante a Copa do Mundo, quando Vanderlei Luxemburgo e Edmundo voltaram a se falar, foi parar no papel na manhã desta sexta-feira. Após pouco mais de duas horas de uma audiência extraordinária - prática é incomum às sextas-feiras - na 7ª Câmara Cível do Rio de Janeiro, proposta pelo desembargador Luciano Rinaldi de Carvalho, os dois entraram em conciliação por uma dívida antiga do treinador com o ex-atacante de aproximadamente R$ 300 mil, valor atualmente corrigido para R$ 2,841 milhões.- Sim, foi feito acordo. Pagamento parcelado de R$ 2,35 milhões em dez parcelas - explicou o advogado de Edmundo, Roberto Leven Siano.
Edmundo não se mostrou completamente satisfeito com a decisão,
mas celebrou fim da briga (Foto: Thiago Lima)
Mas
se o clima foi cordial no reencontro no meio do ano passado, não se
repetiu na audiência. Luxemburgo deixou o local rapidamente, enquanto
Edmundo timidamente comemorou o fim do imbróglio, explicando como está a
relação entre os dois.- Na verdade as pazes nunca foram feitas. Insistia em dizer que já tinha pago, enfim, quando ainda existia a pendência. Isso me deixou muito chateado porque parece que eu estava errado na história. O desembargador foi muito bacana, honesto com ambas as partes, ao dizer que a briga não leva a nada. É melhor um péssimo acordo do que uma boa briga. Entendendo isso, também para estar livre desse tipo de perturbação, de ter que voltar ao fórum, lugar que não me traz boas recordações, acabei aceitando. Enfim. Vida que segue, mas longe de estar em paz - disse Edmundo.
- Não quero falar sobre isso, não - limitou-se Luxemburgo.
Técnico Vanderlei Luxemburgo deixou rapidamente a 7ª Câmara Cível do Rio de Janeiro
(Foto: Thiago Lima)
Com o acordo, Luxa deve voltar a receber do Flamengo todos os seus vencimentos normalmente. Por conta do débito, o clube havia suspendido parte do pagamento,
já que em novembro foi determinada a penhora mensal de R$ 108 mil dos
salários do comandante. Recentemente, o Rubro-Negro comunicou a WL
Sports SS LTDA, empresa do técnico, que terá de depositar em juízo até
que se alcance o valor total cobrado.Entenda o caso
A relação entre Edmundo e Luxemburgo, historicamente, tem brigas e reconciliações. O último episódio foi uma cobrança judicial feita pelo ex-atacante, relativa a dois cheques que recebeu do atual técnico do Flamengo, cada um no valor de R$ 200 mil. Edmundo alegou que não havia fundos. Na versão de Luxemburgo, ele pagou e não teve recibo. Em 2011, a Justiça determinou o pagamento de uma dívida de quase R$ 2 milhões.
- No dia da final da Copa, nós voltamos a nos falar, fomos jantar. Ele entendeu que estou apenas correndo atrás dos meus direitos e dos direitos dos meus filhos. Foi um problema pessoal, mas estamos bem próximos de um acerto - disse Edmundo, em agosto de 2014, tendo a versão ratificada pelo técnico.
- Estamos conversando para acabar com essa coisa que não tem nada a ver. Algumas coisas na vida vão ficando para trás. Está caminhando para o bem - disse o treinador na época.
Vanderlei Luxemburgo durante a audiência com Edmundo no Centro do Rio (Foto: Arquivo Pessoal)
Luxa
e Edmundo se conheceram no Palmeiras, em 1993. Comandante e atleta
tiveram uma relação conturbada. Atos de indisciplina do atacante
causaram reações fortes. Em 1994, por exemplo, durante um jogo contra o
São Paulo, pela Libertadores, o jogador foi substituído e reclamou.- Com o dedo em riste, falei para ele: “Se for para me tirar, é melhor nem me colocar”. Nem falei nada de mais, mas o dedo em riste e a fama... Fui afastado, tenho certeza que esse episódio me tirou da Copa de 94.
Meses depois, já no Flamengo, Luxemburgo disse que ambos haviam feito as pazes e que Edmundo era como um filho para ele. Juntos no Palmeiras, eles ganharam dois títulos brasileiros, dois paulistas e um Rio-São Paulo.
- Eu sempre o tive como o melhor treinador da minha carreira. O mais importante foi o Antônio Lopes, que me deu a primeira chance, mas ele foi o mais capacitado. Eu o tinha como um pai, enfim... Ele se sentiu traído quando soube da ação e ficou um período distante, mas não desgosto dele nem mudo minha opinião por causa de um problema particular - afirmou o Animal.
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