Brigada Militar identificou agressor na arquibancada e o conduziu para delegacia; como não havia testemunhas, delegado não registrou flagrante e liberou torcedor
Segurança Érico Araújo relatou ofensas raciais neste domingo (Foto: Lauro Alves/Agência RBS)
O São Paulo-RS pode se ver prejudicado pelo mau comportamento de um torcedor, que proferiu ofensas de cunho racial contra o segurança Érico Araújo, no
primeiro tempo da derrota por 2 a 1 para o Inter, no último domingo, no
Aldo Dapuzzo. O árbitro da partida, Francisco da Silva Neto, registrou a
ocorrência em seu relato na súmula publicada nesta segunda-feira no
site da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).- No final da partida fui informado pelo delegado da partida e pelo 4º árbitro sobre uma ocorrência feita pela Brigada Militar com um torcedor do SC São Paulo, por injúria racial, conforme boletim de ocorrência que está em anexo na súmula - destacou o árbitro.
Cerca de 30 minutos após gritar contra o integrante da delegação colorada, o torcedor foi identificado, admitiu a ofensa e acabou preso pela Brigada Militar. Tanto o suspeito quanto Araújo foram levados à delegacia em Rio Grande, mas o torcedor acabou liberado no final da noite de domingo. De acordo com o delegado Gilnei Albuquerque, o torcedor não confirmou as ofensas após a partida e a autuação não foi possível devido à falta de testemunhas. O caso ainda será investigado.
- Nenhum dos policiais foi testemunha do ato. Não foram apresentadas testemunhas para autorizar a fazer uma autuação em flagrante. Para termos isso, é necessário vítima, autor e testemunha. Mas não havia nenhuma. Essa situação nos forçou a apenas registrar os fatos, ouvir as pessoas e encaminhar para a delegacia por meio de inquérito policial - disse Albuquerque, à Rádio Guaíba.
Por meio de sua página oficial numa rede social, o São Paulo-RS não confirmou o episódio, mas tratou de repudiar qualquer ato racista em geral.
- O Sport Club São Paulo vem a público dizer que repudia toda e qualquer injúria ou intolerância, seja ela racial, sexual, religiosa, etc. Somos um clube do povo, somos um clube de pobres e ricos, brancos e negros... O racista não nos representa - afirma a nota.
Árbitro Francisco da Silva Neto registrou injúria em súmula
(Foto: Reprodução)
Três casos de racismo no Gauchão passado
Não é o primeiro caso de racismo no Estadual. Em 2014, o árbitro Márcio Chagas da Silva, hoje comentarista da RBS TV, foi insultado pela torcida do Esportivo, em Bento Gonçalves, com ofensas racistas. Depois do jogo, encontrou seu carro, dentro do estádio da Montanha, com bananas no cano de escapamento e a porta amassada. O caso causou rebaixamento do clube no Gauchão.
Outro episódio envolveu o goleiro do São Paulo-RS na temporada passada. Lúcio foi ofendido por um torcedor do Pelotas, na Boca do Lobo, que também foi detido na ocasião. O clube não foi punido na ocasião e apenas o homem que fez as ofensas sofreu sanções do TJD-RS.
O zagueiro Paulão, do Inter, também acusou torcedores do Grêmio de realizarem injúrias raciais, na Arena. O clube foi multado pelo TJD-RS inicialmente em R$ 80 mil, mas recorreu e conseguiu diminuir o valor da pena.
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