Faltando cinco dias para término do prazo de rediscussão de parceria, partes estudam prorrogar conversas. Demora em acerto atrasa planejamento de temporada
O prazo é até o próximo domingo, porém, há uma certeza que
paira na discussão de renovação de contrato entre Fluminense e Unimed: a
patrocinadora não investirá sequer um centavo na contratação de novos
jogadores. Administrando crise financeira na cooperativa de médicos, o
presidente Celso Barros foi taxativo ao expor a Peter Siemsen, mandatário
tricolor, que pagará apenas o acordado a atletas com contrato em vigor. A
tentativa de mudar esta decisão posterga uma negociação que pode ganhar mais
tempo mesmo que, internamente, a demora seja vista como prejudicial ao
planejamento de 2015.
As conversas estão no estágio de envolver apenas os
presidentes. Dirigentes do futebol, Mário Bittencourt e Paulo Angioni, até mais
ou menos um mês atrás, se reuniam semanalmente com administradores da empresa.
Agora, mais ninguém está autorizado sequer a comentar o assunto - só Peter e
Celso podem falar, mas ambos evitam tratar do tema publicamente. As tratativas
são detalhistas e, como a relação andou estremecida em todo o ano, cada um
tenta defender o seu lado.
- Por ora, continuamos conversado. Não há o que ser
anunciado – diz Peter.
- O contrato diz que, se tudo for acordado, a renovação
acontece. Ainda vamos definir – resume Celso.
O atual vínculo termina no fim de 2016, mas a cada virada de
ano é reavaliado e pode ser até rompido. Este prazo vai até 30 de novembro,
porém, as partes estudam prorrogá-lo por mais 15 dias.
Renovações e contratações paradas
Desde 1999 patrocinando o clube, a Unimed chegou a investir
R$ 80 milhões em uma única temporada. Na atual, o valor baixou para cerca de R$
50 milhões. E, visando o próximo ano, a empresa estabeleceu um teto de R$ 30
milhões. Tudo porque, apesar de reeleito no fim de fevereiro até 2017, Celso
sofreu questionamentos no processo eleitoral. Questões financeiras, especialmente
a prestação de contas, foram levantadas pela oposição e associados. Foi obrigado,
então, para não correr o risco de derrota, mudar a relação com o clube.
É daí a demora, por exemplo, de renovar contrato dos
jogadores cujo vínculo termina em 31 de dezembro, casos de Diego Cavalieri, Gum,
Carlinhos, Diguinho e Valencia. Todos eles ganham parte dos vencimentos da
Unimed. Mas, se a empresa não vai investir mais, como o Flu, sozinho, manterá
ou aumentará o valor pago a eles? Situação exposta a eles e seus representantes
tanto por Mário quanto por Angioni. Todos estão liberados para tratar do seu
A patrocinadora tricolor é responsável pelo pagamento de
direitos de imagem que correspondem de 50% a 80% do total do salário dos
atletas. Quase todos os jogadores do grupo principal do Fluminense recebem da
Unimed. Esse contrato de imagem é feito individualmente. A patrocinadora também
paga imagem para alguns garotos da base. É o caso daqueles em que tem
participação nos direitos econômicos. Atualmente, a fatia da folha salarial do
futebol que cabe ao clube não chega a R$ 2 milhões.
Sem a Unimed, o Flu também muda a política de contratação.
Por diversas temporadas, os meses de novembro e dezembro tinham anúncios de
reforços de peso. Até agora, nada. O Flu apostará em jogadores em ascensão,
casos de Edson e Guilherme Mattis, exemplos de boas contratações.
- É claro que tudo isso interfere. Dá um problema de
planejamento. Mas também não quer dizer que o Fluminense não vá disputar títulos.
Já tivemos muitos times inferiores ao que teremos em 2015 – comenta Mário.
Mudança no patrocínio da camisa
Uma alternativa para amenizar a redução do investimento da
Unimed é estampar outra marca de patrocínio na camisa tricolor. Peter gosta da
ideia, mas Celso é contrário. Desde o início da parceria, em 1999, a única
marca que esteve ao lado da Unimed na camisa tricolor foi a do fornecedor de
material esportivo.
Em meio a este cenário, o Flu tenta a classificação à
Libertadores. É o sétimo do Brasileirão, com 58 pontos - cinco a menos do
Internacional, o último integrante do G-4. Enfrenta ainda Corinthians e
Cruzeiro pelo sonho de disputar a Libertadores 2015.
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