segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Molhados, tensos, campeões: como os cruzeirenses festejaram o título

Em domingo de forte chuva em Belo Horizonte, torcida do Cruzeiro apoia o time, sofre com gol e ganha aquilo que pede em cantorias: o tetracampeonato brasileiro

Os mais de 57 mil cruzeirenses presentes no Mineirão tiveram impressão parecida. Quando se assentaram nas cadeiras do estádio, sentiram que os primeiros adversários já haviam sido vencidos: a chuva e o trânsito para chegar ao jogo. Ali, na arquibancada, o sentimento era um só e se resumia no verso da música mais cantada: "Nada mais interessa; nós queremos o tetra." 
Torcida Cruzeiro Mineirão (Foto: Tarcísio Badaró) 
Torcedora mostra o rosto pintado no jogo do título do Cruzeiro no Mineirão
 (Foto: Tarcísio Badaró)


Isso estava nos rostos pintados com tinta que a chuva borrou, nas estrelas douradas que permeavam o azul do Cruzeiro, nas coroas de ouro que avisavam que, além do tetra, estava por vir a final da Copa do Brasil. Bastava vencer o Goiás, e o Cruzeiro confirmaria o quarto título brasileiro. O gramado encharcado e o Esmeraldino resolveram tornar a tarefa difícil.
Torcida Cruzeiro Mineirão (Foto: Tarcísio Badaró)Esposa de Moreno, Marylisi (esq.) ao lado de Carol, namorada de Marlone (Foto: Tarcísio Badaró)
Há relatos de torcedores que gastaram duas horas em um trajeto de casa até o Mineirão que costuma durar 20 minutos. A tempestade que caiu de forma descontínua em Belo Horizonte desde o início da tarde deste domingo complicou a vida de quem foi ao estádio. Mas não diminuiu a empolgação. Munidos de capas de chuva (eram muitas capas de chuva), os cruzeirenses entraram cedo no estádio e fizeram uma festa bonita antes do jogo. Quando os times foram a campo, abriram uma bandeira com os escritos “A Deus toda a Glória”, obra das esposas e namoradas dos jogadores, entre elas, Marylisi Antonelli, de Marcelo Moreno.
Quando a bola rolou, não demorou para os torcedores explodirem. Não foi Moreno, mas Ricardo Goulart que, logo aos 13 minutos, marcou de cabeça. Delírio na arquibancada. Embora o gramado atrapalhasse o toque de bola do time de Marcelo Oliveira, parecia o enredo dos outros jogos do Cruzeiro dentro de casa. Parecia mais uma vitória tranquila. 
Torcida Cruzeiro Mineirão (Foto: Tarcísio Badaró) 
Torcida mostra faixa com mensagem religiosa, obra da esposa de Marcelo Moreno
 (Foto: Tarcísio Badaró)
Mas não foi. Menos de dez minutos depois, o Goiás encontrou as redes.

O gol de empate foi um balde de água fria maior que a tempestade belo-horizontina. Dali até o fim do primeiro tempo, a torcida celeste pareceu meio perdida. Só foi agitar novamente quando um cabeceio de Léo explodiu na rede, mas pelo lado de fora, já no finalzinho. É difícil dizer quem era reflexo de quem. Mas tanto jogadores quanto torcida foram para o intervalo um pouco desanimados.
Ambos, porém, voltaram mais animados para o segundo tempo. E vivendo a ansiedade do gol - potencializada pelos minutos que iam passando com a retranca goiana ainda de pé. O jogo prometia ganhar contornos dramáticos, embora aquele empate já bastasse para o time mineiro ser campeão, uma vez que o São Paulo também empatava na rodada. Mas Éverton Ribeiro pôs fim ao drama. 
Torcida do Cruzeiro no Mineirão (Foto: Douglas Magno) 
Torcida do Cruzeiro em festa no Mineirão: tetracampeões brasileiros
 (Foto: Douglas Magno)


O gol colocou fogo no Mineirão. Cada ataque passou a ser festa, defesa de Fábio foi comemorada como gol. Não tinha 30 minutos quando os gritos de "tetracampeão" começaram a aparecer. Foi assim até o fim. Festa para o maior público do Cruzeiro nesta temporada: 57.129 pessoas. Ninguém quis tanto o título brasileiro quanto o Cruzeiro; tetra da Raposa.
Torcida do Cruzeiro x Goiás, Mineirão (Foto: Douglas Magno) 
Jogadores se abraçam enquanto torcida explode ao fundo: mais um título para o Cruzeiro 
(Foto: Douglas Magno)

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