Em domingo de forte chuva em Belo Horizonte, torcida do Cruzeiro apoia o time, sofre com gol e ganha aquilo que pede em cantorias: o tetracampeonato brasileiro
Os
mais de 57 mil cruzeirenses presentes no Mineirão tiveram impressão
parecida. Quando se assentaram nas cadeiras do estádio, sentiram que os
primeiros adversários já haviam sido vencidos: a chuva e o trânsito para
chegar ao jogo. Ali, na arquibancada, o sentimento era um só e se
resumia no verso da música mais cantada: "Nada mais interessa; nós
queremos o tetra."
Torcedora mostra o rosto pintado no jogo do título do Cruzeiro no Mineirão
(Foto: Tarcísio Badaró)
Isso estava nos rostos pintados com tinta que a chuva borrou, nas estrelas douradas que permeavam o azul do Cruzeiro, nas coroas de ouro que avisavam que, além do tetra, estava por vir a final da Copa do Brasil. Bastava vencer o Goiás, e o Cruzeiro confirmaria o quarto título brasileiro. O gramado encharcado e o Esmeraldino resolveram tornar a tarefa difícil.
Esposa de Moreno, Marylisi (esq.) ao lado de Carol, namorada de Marlone (Foto: Tarcísio Badaró)
Há
relatos de torcedores que gastaram duas horas em um trajeto de casa até
o Mineirão que costuma durar 20 minutos. A tempestade que caiu de forma
descontínua em Belo Horizonte desde o início da tarde deste domingo
complicou a vida de quem foi ao estádio. Mas não diminuiu a empolgação.
Munidos de capas de chuva (eram muitas capas de chuva), os cruzeirenses
entraram cedo no estádio e fizeram uma festa bonita antes do jogo.
Quando os times foram a campo, abriram uma bandeira com os escritos “A
Deus toda a Glória”, obra das esposas e namoradas dos jogadores, entre
elas, Marylisi Antonelli, de Marcelo Moreno.
Quando a
bola rolou, não demorou para os torcedores explodirem. Não foi Moreno,
mas Ricardo Goulart que, logo aos 13 minutos, marcou de cabeça. Delírio
na arquibancada. Embora o gramado atrapalhasse o toque de bola do time
de Marcelo Oliveira, parecia o enredo dos outros jogos do Cruzeiro
dentro de casa. Parecia mais uma vitória tranquila.
Torcida mostra faixa com mensagem religiosa, obra da esposa de Marcelo Moreno
(Foto: Tarcísio Badaró)
Mas não foi. Menos de dez minutos depois, o Goiás encontrou as redes.
O gol de empate foi um balde de água fria maior que a tempestade belo-horizontina. Dali até o fim do primeiro tempo, a torcida celeste pareceu meio perdida. Só foi agitar novamente quando um cabeceio de Léo explodiu na rede, mas pelo lado de fora, já no finalzinho. É difícil dizer quem era reflexo de quem. Mas tanto jogadores quanto torcida foram para o intervalo um pouco desanimados.
O gol de empate foi um balde de água fria maior que a tempestade belo-horizontina. Dali até o fim do primeiro tempo, a torcida celeste pareceu meio perdida. Só foi agitar novamente quando um cabeceio de Léo explodiu na rede, mas pelo lado de fora, já no finalzinho. É difícil dizer quem era reflexo de quem. Mas tanto jogadores quanto torcida foram para o intervalo um pouco desanimados.
Ambos, porém,
voltaram mais animados para o segundo tempo. E vivendo a ansiedade do
gol - potencializada pelos minutos que iam passando com a retranca
goiana ainda de pé. O jogo prometia ganhar contornos dramáticos, embora
aquele empate já bastasse para o time mineiro ser campeão, uma vez que o
São Paulo também empatava na rodada. Mas Éverton Ribeiro pôs fim ao
drama.
Torcida do Cruzeiro em festa no Mineirão: tetracampeões brasileiros
(Foto: Douglas Magno)
O gol colocou fogo no Mineirão. Cada ataque passou a ser festa, defesa de Fábio foi comemorada como gol. Não tinha 30 minutos quando os gritos de "tetracampeão" começaram a aparecer. Foi assim até o fim. Festa para o maior público do Cruzeiro nesta temporada: 57.129 pessoas. Ninguém quis tanto o título brasileiro quanto o Cruzeiro; tetra da Raposa.
Jogadores se abraçam enquanto torcida explode ao fundo: mais um título para o Cruzeiro
(Foto: Douglas Magno)
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