Na expulsão contra o Cruzeiro, técnico do Bota teria dito ao 4º árbitro "quero você lá no vestiário" para buscar supostas camisas solicitadas pela arbitragem antes de jogo
Vagner Mancini foi expulso da partida contra o Cruzeiro, no Mineirão, no domingo (Foto: Denilson Dias/O Tempo/Agência Estado)
Passaram-se
quatro dias do ocorrido e o foco de momento é o duelo com o
Atlético-PR, mas a expulsão contra o Cruzeiro, no último domingo, ainda
revolta Vagner Mancini (veja o vídeo abaixo). De acordo
com o técnico do Botafogo, o que consta na súmula da arbitragem não
condiz com o que foi dito no momento da confusão com o quarto árbitro
Emerson de Almeida Ferreira. Segundo Mancini, os xingamentos que foram
transcritos no documento da partida foram ditos após a sua solicitação
de saída de campo, não antes. E que duas das frases, tidas como ameaças
por parte do comandante, "quero você lá no vestiário" e "estou te
esperando lá embaixo", se referiam à ida de Emerson ao vestiário do
Alvinegro para buscar camisas solicitadas antes do duelo.- Ouvi dentro do vestiário que havia sido pedido camisas do Botafogo pela arbitragem. Mas não é palavra minha. Apenas vi ele antes do jogo, no vestiário, ao largar a súmula. Isso (das camisas) é uma prática comum. Às vezes os árbitros pedem e são agraciados pelo clube. Quando são dadas, normalmente são sete camisas (a todo o grupo). É uma questão de cordialidade - explicou, ao GloboEsporte.com: - Foi neste contexto a minha fala. Disse: "Depois quero ver se você vai no vestiário. Quero ver se você vai ser homem de ir lá buscar a camisa".
O fato foi negado pelo quarto árbitro da partida. Segundo ele, nenhuma camisa foi solicitada e a prática, inclusive, é passível de punição ao profissional.
- A equipe de arbitragem em nenhum momento solicita camisetas. Isso é praxe de alguns clubes, presentear ou fazer um agrado antes das partidas. Mas não há nenhum tipo de pedido da nossa parte. Não tem isso, não. A arbitragem não pega e não pede. Isso é até uma recomendação da CBF, que nenhum árbitro está autorizado a pedir camisa a ninguém, seja a jogador ou a clube. Pode até ser punido o árbitro que fizer isso - afirmou Emerson, completando de que também não foram oferecidas camisas por parte do Botafogo.
O STJD deve julgar o caso, em sessão ainda sem data marcada. Mancini, porém, pretende entrar com uma representação contra o mineiro por acreditar que o que foi escrito na súmula não condiz com a verdade do que ocorreu no momento da partida.
- Te digo o mesmo o que vou falar no tribunal: o Dedé fez uma falta no Rogério, que era passível de cartão amarelo, no meu entender. Disse ao quarto árbitro que era falta para cartão. A jogada seguiu. Um pouco antes, ele tinha falado comigo e, como sempre faço, atendi com educação. Na sequência, ocorreu uma falta do Junior Cesar no Éverton Ribeiro, em que foi aplicado o cartão. Quando aconteceu, olhei para o Emerson e disse "avisa do cartão do Dedé". E ele não olhava para mim. Ele estava em uma distância em que eu nem precisaria gritar, porque ele estava me ouvindo. Então, entendi que ele estava me ignorando. Saí da minha área técnica e chamei a atenção dele. "Avisa a ele do cartão". E ele me disse "não tenho obrigação de te dar atenção". E eu disse que ele tinha, sim. Aí ele repassou ao Elmo (Alves Resende Cunha, árbitro da partida) que era para me expulsar. Apenas depois disso é que passamos a falar de forma mais ríspida. Não ofendi, não falei com desacato, nem nada - disse, completando:
- Na súmula, consta como se você tivesse sido expulso por ter falado essas coisas ("você é um bosta!", "não vale nada!", "estou falando com você, você tem que olhar para mim"). Não é verdade. Fui expulso sem sequer destratá-lo. Depois da expulsão, sim, falei em tom ríspido com ele, com o dedo em riste.
Emerson de Almeida Ferreira, porém, mantém a sua posição sobre o acontecimento. Diz que tudo o que escutou em campo foi relatado no documento.
- Só coloquei exatamente as palavras que ele dirigiu a mim. O assistente que estava ao meu lado ouviu também e me ajudou a confeccionar a súmula. Tudo o que foi dito ali, naquele momento, foi relatado - finalizou.
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