Treinador guarda carta de incentivo de um torcedor como recordação por passagem de 52 dias no Tigre e aposta em 13 pontos em sete jogos para time ficar na Série A
Meu sentimento é de
tristeza, azedo e amargo por não terminar o meu trabalho."
Gilmar Dal Pozzo
Havia uma amargura no ar. Gilmar Dal Pozzo entrou na sala de
imprensa do Heriberto Hülse para se despedir do cargo de treinador do Criciúma.
Ele foi demitido no dia anterior e concedeu entrevista coletiva na manhã desta
terça para falar sobre o trabalho de 13 jogos ao longo de 52 dias. O sentimento não estava relacionado ao clube,
mas sim aos resultados – três vitórias, quatro empates e seis derrotas.
O “azedume” que descreveu também se estende ao curto
período. Conforme Gilmar, foi o trabalho mais curto desde que deu início à
carreira de treinador, cerca de cinco anos atrás.
- Nunca trabalhei tão pouco, meus trabalhos são de médio e
longo prazo, com começo, meio e fim, como foi no Veranópolis, na Chapecoense ou
no Pelotas. Em todos conquistei os objetivos. Infelizmente, aqui no Criciúma não
veio. Peguei o clube sabendo da situação na tabela e meu sentimento é de
tristeza, azedo e amargo por não terminar o meu trabalho. Sempre terminei e consegui
objetivos. Sei que era difícil, mas acreditava. Saí muito chateado do jogo
contra o Vitória (a derrota e última partida em que comandou a equipe), mas
vinha encontrando força junto à família para enfrentar o São Paulo (próximo
jogo do Criciúma) – afirmou.
"Não tive nenhum problema com ele", diz Gilmar Dal Pozzo sobre atacante Zé Carlos
(Foto: João Lucas Cardoso)
Na entrevista, a última que deu na sala de imprensa Clésio
Búrigo, o treinador também revelou alguns pensamentos que deixava em segundo plano
em prol da estratégia e o que tinha como convicção ao grupo de jogadores. Como
o plano “jogo a jogo” que “escondia” a pontuação, segundo ele, ainda
suficiente para o Tigre se manter na minha primeira divisão nacional.
- Fiquei chateado depois jogo contra o Vitória. A gente trabalha
com emoção, e naquele momento deixei transparecer meu sentimento, a bola insistiu
em não entrar. Mas acredito que o Criciúma possa encaixar a vitória contra São
Paulo. Eu acredito que com mais 13 pontos o clube fica na Série A. Antes eu não podia falar, mas agora eu falo. Pode
conseguir com quatro vitórias em casa e um empate fora. A força local pode
fazer a diferença.
Confira a integra da entrevista coletiva de despedida do
técnico Gilmar Dal Pozzo.
Motivo da saída
-
Foram os resultados de campo que influenciaram a sequência.
Tirando o jogo do Internacional, em que a equipe está muito abaixo e
admiti que jogou muito mal. Tivemos bons momentos, como nas vitórias
sobre o
Goiás, o Atlético-MG e o Santos, que nos deram muita esperança. Em
outras partidas
tivemos o controle do jogo, como contra o Figueirense, em que perdemos
pênalti,
e contra a Chapecoense, com uma bola na trave no fim. Mesmo contra o
Atlético-PR, em que o resultado não veio, tivemos o controle. Na
terça-feira
passada falei que seria uma semana diferente, entendia que tínhamos que
no
mínimo somar quatro pontos contra o Atlético-PR e o Vitória. Não falei
aqui,
mas falei ao grupo, que teria de ser quatro pontos, mas não foi
possível.
Gilmar Dal Pozzo diz que recuperou autoestima de Lucca (Foto: João Lucas Cardoso)
Diferença de jogos em casa e fora
- É um problema que não é uma exclusividade minha. O elenco
não tem tanto a personalidade para jogar dentro e fora de casa. Estava trabalhando
com dois sistemas bem claros, um com três atacantes e outro com três volantes. Trabalhei
em cima dos dois e não houve omissão. Fiz meu melhor. Peço desculpas pelos
resultados, e levo o clube com carinho na carreira. Antes do jogo contra o
Santos, recebi uma cartinha de um torcedor que vou guardar para sempre. Foi um
prazer para mim treinar o Criciúma, um clube de tradição, e fico feliz, mas os
resultados não vieram.
E se começasse o ano no clube...
-
Teria uma responsabilidade ainda maior, iria traçar um
perfil do elenco com a minha ideia. Mas não quero lamentar por que o
Criciúma estava
nestas condições quando cheguei e não consegui o objetivo. Eu fiz a
aposta, aceitei
o que outros treinadores não quiseram. Tive a coragem e sabia o risco
que tinha, que poderia ser positivo se tivesse resultado. Eu me garanto
mais com
trabalhos do começo, meio e fim. No meu primeiro ano na Chapecoense
peguei o
trabalho na metade da Série C, mas depois conquistamos dois acessos.
Problemas no grupo
- Realmente tivemos alguns problemas. Mas ainda em Chapecó
tivemos uma conversa muito boa, foi feita uma espécie de pacto. Depois disso o
ambiente de trabalho ficou muito bom, melhorou muito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário