quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Gilmar Dal Pozzo deixa Criciúma “azedo” por trabalho de pouco tempo

Treinador guarda carta de incentivo de um torcedor como recordação por passagem de 52 dias no Tigre e aposta em 13 pontos em sete jogos para time ficar na Série A

Meu sentimento é de tristeza, azedo e amargo por não terminar o meu trabalho."
Gilmar Dal Pozzo
Havia uma amargura no ar. Gilmar Dal Pozzo entrou na sala de imprensa do Heriberto Hülse para se despedir do cargo de treinador do Criciúma. Ele foi demitido no dia anterior e concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça para falar sobre o trabalho de 13 jogos ao longo de 52 dias.  O sentimento não estava relacionado ao clube, mas sim aos resultados – três vitórias, quatro empates e seis derrotas. 
O “azedume” que descreveu também se estende ao curto período. Conforme Gilmar, foi o trabalho mais curto desde que deu início à carreira de treinador, cerca de cinco anos atrás.
- Nunca trabalhei tão pouco, meus trabalhos são de médio e longo prazo, com começo, meio e fim, como foi no Veranópolis, na Chapecoense ou no Pelotas. Em todos conquistei os objetivos. Infelizmente, aqui no Criciúma não veio. Peguei o clube sabendo da situação na tabela e meu sentimento é de tristeza, azedo e amargo por não terminar o meu trabalho. Sempre terminei e consegui objetivos. Sei que era difícil, mas acreditava. Saí muito chateado do jogo contra o Vitória (a derrota e última partida em que comandou a equipe), mas vinha encontrando força junto à família para enfrentar o São Paulo (próximo jogo do Criciúma) – afirmou.
Gilmar Dal Pozzo criciuma coletiva (Foto:  João Lucas Cardoso) 
"Não tive nenhum problema com ele", diz Gilmar Dal Pozzo sobre atacante Zé Carlos
 (Foto: João Lucas Cardoso)

Na entrevista, a última que deu na sala de imprensa Clésio Búrigo, o treinador também revelou alguns pensamentos que deixava em segundo plano em prol da estratégia e o que tinha como convicção ao grupo de jogadores. Como o plano “jogo a jogo” que “escondia” a pontuação, segundo ele, ainda suficiente para o Tigre se manter na minha primeira divisão nacional.
- Fiquei chateado depois jogo contra o Vitória. A gente trabalha com emoção, e naquele momento deixei transparecer meu sentimento, a bola insistiu em não entrar. Mas acredito que o Criciúma possa encaixar a vitória contra São Paulo. Eu acredito que com mais 13 pontos o clube fica na Série A. Antes eu não podia falar, mas agora eu falo. Pode conseguir com quatro vitórias em casa e um empate fora. A força local pode fazer a diferença.
Confira a integra da entrevista coletiva de despedida do técnico Gilmar Dal Pozzo.
Motivo da saída
- Foram os resultados de campo que influenciaram a sequência. Tirando o jogo do Internacional, em que a equipe está muito abaixo e admiti que jogou muito mal. Tivemos bons momentos, como nas vitórias sobre o Goiás, o Atlético-MG e o Santos, que nos deram muita esperança. Em outras partidas tivemos o controle do jogo, como contra o Figueirense, em que perdemos pênalti, e contra a Chapecoense, com uma bola na trave no fim. Mesmo contra o Atlético-PR, em que o resultado não veio, tivemos o controle. Na terça-feira passada falei que seria uma semana diferente, entendia que tínhamos que no mínimo somar quatro pontos contra o Atlético-PR e o Vitória. Não falei aqui, mas falei ao grupo, que teria de ser quatro pontos, mas não foi possível.
Gilmar Dal Pozzo criciuma coletiva (Foto:  João Lucas Cardoso)Gilmar Dal Pozzo diz que recuperou autoestima de Lucca (Foto: João Lucas Cardoso)
Diferença de jogos em casa e fora
- É um problema que não é uma exclusividade minha. O elenco não tem tanto a personalidade para jogar dentro e fora de casa. Estava trabalhando com dois sistemas bem claros, um com três atacantes e outro com três volantes. Trabalhei em cima dos dois e não houve omissão. Fiz meu melhor. Peço desculpas pelos resultados, e levo o clube com carinho na carreira. Antes do jogo contra o Santos, recebi uma cartinha de um torcedor que vou guardar para sempre. Foi um prazer para mim treinar o Criciúma, um clube de tradição, e fico feliz, mas os resultados não vieram.  
E se começasse o ano no clube...
- Teria uma responsabilidade ainda maior, iria traçar um perfil do elenco com a minha ideia. Mas não quero lamentar por que o Criciúma estava nestas condições quando cheguei e não consegui o objetivo. Eu fiz a aposta, aceitei o que outros treinadores não quiseram. Tive a coragem e sabia o risco que tinha, que poderia ser positivo se tivesse resultado. Eu me garanto mais com trabalhos do começo, meio e fim. No meu primeiro ano na Chapecoense peguei o trabalho na metade da Série C, mas depois conquistamos dois acessos.   
Problemas no grupo
- Realmente tivemos alguns problemas. Mas ainda em Chapecó tivemos uma conversa muito boa, foi feita uma espécie de pacto. Depois disso o ambiente de trabalho ficou muito bom, melhorou muito.

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