Matéria publicada pelo jornalista Daniel Castro
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Principais armas da Globo para sustentar a audiência do futebol
no maior mercado do país, Corinthians e São Paulo receberam luvas da
emissora para ignorar propostas da Record e assinar contrato de cessão
de direitos de imagem até 2018. É o que sugere uma detalhada análise econômico-financeira do futebol brasileiro
feita pelo Itaú BBA, banco de atacado e investimentos do Grupo Itaú, um
dos patrocinadores das transmissões de futebol da Globo.
Ao
lado do Flamengo, maior receita do futebol com TV em 2013, o
Corinthians ajudou a Globo a implodir o modelo vigente até 2011, em que
uma entidade (o Clube
dos 13) repassava cotas aos clubes. Para não correr o risco de perder
os direitos para a Record ou RedeTV!, uma vez que o Clube dos 13 teve
obrigatoriamente que fazer concorrência entre as TVs, a Globo passou a
negociar diretamente com os clubes. O São Paulo era favorável a negociar
com o Clube dos 13.
O
novo acordo foi bom para o futebol. As receitas com TV saltaram de R$
591 milhões em 2010 para R$ 1,3 bilhão em 2012, mais do que o dobro. Mas
recuaram 15% em 2013, para R$ 1,1 bilhão. Além de Corinthians e São
Paulo, teriam recebido luvas em 2012 o Internacional, o Atlético-MG, o
Santos e o Grêmio, indica o estudo, obtido com exclusividade pelo
Notícias da TV.
Sem luvas,
o Corinthians foi o time que mais “perdeu” receita com televisão no ano
passado. Depois de receber R$ 154 milhões em 2012, ano em que ganhou a
Libertadores e o Mundial de Clubes, viu em 2013 somente R$ 103 milhões da TV, uma redução de R$ 51 milhões (33%).
Para
César Grafietti, gerente de crédito do Itaú BBA e responsável pelo
estudo, mais do que a perda de receitas por não ter disputado finais
importantes em 2013, o que pesou no caso do Corinthians foram luvas
pagas pela Globo. O caso do Atlético-MG ilustra bem essa tese: mesmo
ganhando a Libertadores em 2013, o clube recebeu R$ 17 milhões a menos
de direitos de TV do que em 2012.
“Acreditávamos
que os números de 2012 refletiam a nova realidade de receitas com TV.
Mas os números ora apresentados nos indicam que em 2012 haviam receitas
não recorrentes, possivelmente fruto de ‘luvas’ referentes à assinatura
de contratos de longo prazo”, diz relatório do Itaú BBA. “As oscilações
de Corinthians, Internacional, São Paulo e Santos são tão significativas
que só se explicam dessa forma”.
Grafietti
afirma que os valores de 2013 é que são a nova realidade dos direitos
de TV do futebol nacional. Ele salienta que trabalhou com hipóteses, uma
vez que teve acesso apenas aos balanços publicados pelos clubes; não
houve uma checagem direta com as agremiações. Confira as receitas de TV dos clubes, desde 2010.
O
estudo do Itaú BBA mostra que o futebol brasileiro é hoje um dos mais
dependentes das receitas de TV do mundo. “A receita com TV representa de
40% a 50% da receita total dos clubes brasileiros. Lá fora, os clubes
têm uma divisão maior. Na Europa, a TV representa 30%. Na Argentina, a
venda de jogadores ainda é a principal fonte das agremiações.
No
ano passado, as vendas de jogadores cresceram 36% e voltaram a ser a
segunda principal fonte dos times nacionais. Impulsionadas pelas
transações ao exterior de Lucas, pelo São Paulo, e Neymar, pelo Santos,
renderam R$ 661 milhões, mais do que publicidade, que também cresceu,
mas menos (15%), graças à ofensiva da Caixa Economica Federal, que
estampa seu logotipo em sete das 20 camisas analisadas. As receitas com
bilheterias também tiveram alta em 2013 (veja tabela abaixo). Procurada,
a Globo não se manifestou.
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