O Grêmio está fora da Copa do Brasil. O time gaúcho foi excluído do
torneio nesta quarta-feira (03), em sessão da 3ª Comissão Disciplinar do
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), por causa de ofensas
racistas proferidas por torcedores contra o goleiro Aranha, titular do
Santos, em partida válida pelas oitavas de final da competição nacional.
O clube ainda recebeu uma multa de R$ 50 mil, e as pessoas que foram
identificadas xingando o jogador foram proibidas de entrar em estádios
por 720 dias. O árbitro Wilton Pereira Sampaio (Fifa-GO) foi multado em
R$ 800 e suspenso por 45 dias por não relatar o incidente na súmula, e
os auxiliares também foram punidos por esse motivo (multa de R$ 500 e
suspensão de um mês).
A diretoria do Grêmio já decidiu recorrer da decisão, que agora será levada ao pleno do STJD. Ao UOL Esporte, um representante do clube gaúcho disse que não acredita que a punição seja mantida na instância superior.
Caso a exclusão do Grêmio seja confirmada, o Santos avançará
automaticamente para as quartas de final da Copa do Brasil, na espera
pelo vencedor do confronto entre Ceará e Botafogo.
O Grêmio foi
punido com base no artigo 243-G do CBJD (Código Brasileiro de Justiça
Desportiva), que prevê perda de pontos, mando de campo ou até mesmo
exclusão do clube da competição em questão.
Na última
quinta-feira (28 de agosto) um grupo de torcedores gremistas foi
flagrado em ofensas de cunho racista contra o goleiro Aranha. O jogador
do Santos denunciou o incidente de forma imediata, mas não teve a
solicitação apreciada pelo árbitro Wilson Pereira Sampaio.
Posteriormente, com bases na transmissão de TV e imagens de circuito
interno do estádio, a direção do Grêmio ajudou a identificar alguns dos
torcedores envolvidos, que agora são investigados pela Polícia Civil de
Porto Alegre.
Durante a sessão desta quarta-feira no Rio, os
advogados do Santos exibiram uma entrevista de Aranha ao Fantástico,
programa da TV Globo.
Por sua vez, os advogados do Grêmio usaram
na defesa uma campanha do clube contra o racismo, prévia ao incidente,
deflagrada através do site oficial do clube, mídias sociais e no próprio
estádio.
O Grêmio também contou no Rio de Janeiro com a
presença do presidente Fábio Koff, de 83 anos, dirigente respeitado do
futebol nacional. A estratégia de levar o cartola veterano ao STJD era
de evitar o "linchamento" público do clube gaúcho.
Em seguida os
gaúchos pediram sessão com portas fechadas, mas Fabrício Dazzi,
presidente da 3ª Comissão Disciplinar, indeferiu a solicitação: "O
julgamento aberto favorece a democracia. É uma coisa melhor para todos".
O árbitro Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO), que havia trabalhado no
jogo Grêmio x Santos, também foi ouvido pelo tribunal. Ele explicou que
não citou o coro racista na versão inicial da súmula porque não havia
notado que isso tinha acontecido: "Se eu tivesse visto ou se alguém da
minha equipe tivesse visto, teríamos interrompido o jogo".
Um
dos auxiliares também foi interpelado pelos auditores, com foco no
porquê de o episódio não ter sido citado na primeira versão da súmula.
Os profissionais da arbitragem foram denunciados por causa disso.
Depois de um intervalo de cinco minutos, o auditor-procurador Rafael
Vanzin relembrou episódios antigos e disse que punições pedagógicas não
ajudaram a mudar o comportamento da torcida do Grêmio. Além disso,
criticou declarações de dirigentes da equipe tricolor, que minimizaram o
caso.
Vanzin citou até cântico da torcida do Grêmio sobre a
morte de Fernandão, ídolo do Internacional: "São condutas nefastas, e
eles merecem, sim, uma punição".
Na defesa, os advogados do
Grêmio alegaram que fizeram tudo para ajudar na identificação dos
culpados e relataram campanhas do time contra ações discriminatórias de
seus torcedores. "Não é uma defesa que se faz apenas do Grêmio, mas de
clubes de futebol que fazem tudo certo e podem ser punidos por ações de
uma minoria. O Grêmio é um dos poucos clubes que fazem campanha contra o
racismo, e faz isso há muito tempo", disse o advogado Michel Assef
Filho, contratado pela equipe tricolor para trabalhar no caso.
"A procuradoria, por mídia, pede a exclusão. Mas foram apenas quatro
pessoas dentro de 30 mil. Se seguirmos assim, pessoas poderão adentrar
no meio de milhares com intenção de prejudicar os times", continuou o
jurista.
"Tenho uma interpretação completamente diferente",
respondeu o relator Francisco Pessanha no início de seu voto. Ele pediu
exclusão do Grêmio da Copa do Brasil.
Na última quinta-feira, o
Santos venceu o Grêmio por 2 a 0 em Porto Alegre, com gols de David Braz
e Robinho. Um dia depois o STJD decidiu pelo adiamento da partida de
volta, marcada inicialmente para esta quarta (dia 3 de setembro).
Votos dos Julgadores
O primeiro voto do julgamento é do auditor-relator Francisco Pessanha,
que se manifesta à favor da exclusão do Grêmio na Copa do Brasil, do
pagamento de uma multa de R$ 50 mil e da proibição do direito de
frequentar a Arena ou qualquer outro estádio em que o clube mande os
jogos aos torcedores identificados pelas injúrias raciais. O auditor
baseia a decisão no texto do artigo 243-G do Código Brasil.
Pessanha votou por aplicar multa ao Grêmio de R$ 2 mil pelo atraso na
entrada do campo e por R$ 2 mil pelo rolo de papel higiênico arremessado
ao gramado. Ao Santos, decidiu por aplicar multa de R$ 4 mil pelo
atraso. O árbitro Wilton Pereira Sampaio teve suspensão de 45 dias e
deverá pagar multa de R$ 800, enquanto os assistentes foram penalizados
com multa de R$ 500 e suspensão de 30 dias, conforme o Artigo.O auditor Ricardo Graiche acompanha integralmente a decisão do relator,
Francisco Pessanha. Vota pela exclusão do Grêmio, proibição do direito
de frequentar o estádio aos torcedores identificados por 720 dias e pelo
pagamento da multa de R$ 50 mil.
Ivaney Cayres acompanha o relator Francisco Pessanha e aplica a mesma
punição ao Grêmio. Mesmo que ainda restem outros dois auditores para
fazer o voto, o clube está excluído da Copa do Brasil. Terá ainda de
pagar uma multa de R$ 50 mil. Conforme o parecer, os torcedores
identificados estarão suspensos de frequentar a Arena por 720 dias.O quarto auditor, Gustavo Teixeira, acompanha o voto do relator.O auditor Gustavo Teixeira absolveu o trio de arbitragem.
Com Três votos confirmados o clube já está excluido da competição,mais ainda cabe Recurso por parte do Clube.
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