Em entrevista
exclusiva ao Grupo A TARDE, intermediada pelo advogado de defesa Eduardo
Carracedo, o soldado da Polícia Militar Carlos Frederico Santos de
Aragão, 28 anos, negou que tenha sido cúmplice do caso envolvendo duas
adolescentes de 16 anos que acusam nove músicos da banda New Hit de
tê-las estuprado dentro do ônibus do grupo, durante a micareta da cidade
de Ruy Barbosa, na madrugada do dia 26 de agosto.
"Me sinto
injustiçado. Sou inocente. Quero retratação após tudo ser esclarecido",
afirma o policial. Desde o ocorrido, o soldado está preso em flagrante e
é apontado pela polícia como coautor, pois as vítimas teriam dito que
ele ficou na porta do ônibus controlando o acesso, enquanto ocorria a
violência. O policial está custodiado no Batalhão de Choque da PM, em
Lauro de Freitas. Aragão diz que ele e a família estão sofrendo muito
por causa da prisão.
O PM argumenta
ter consciência de que não participou de nada, que não tem ciência do
que se passou no interior do ônibus e nem contribuiu para qualquer coisa
que possa ter ocorrido. O soldado Aragão nega também ter trabalhado
como segurança da New Hit. "Sou amigo da banda. Dinho, o baixista, é meu
amigo desde antes de eu me tornar policial. Viajei com a banda para
curtir o show, pois estava de folga. No final do show, muitas fãs
tentavam entrar no ônibus. Então, resolvi ajudar o segurança a controlar
o tumulto".
Controle de
acesso - Aragão enfatiza que era grande a confusão na frente do ônibus,
por causa do grande número de fãs que queriam ter acesso aos músicos. O
soldado afirma que o segurança da banda não é policial. O PM relata que
os dois passaram a controlar o acesso das fãs que subiam para tirar
fotos com os ídolos.
"Muita gente
entrou no ônibus, tirou fotos, mas não vi ninguém descer chorando lá de
dentro. Não notei nada de errado acontecendo", conta Aragão. Ele diz ter
sido surpreendido quando o ônibus foi parado durante a viagem e todo
mundo conduzido à delegacia. O soldado é lotado na 47ª CIPM (Pau da
Lima) e está na corporação desde dezembro de 2009. É solteiro e não tem
filhos.
Processo
disciplinar - Contatado pela reportagem, o comandante-geral da PM,
coronel Alfredo Braga de Castro, comentou o assunto. "Ele (o soldado
Aragão) tem pouco tempo de polícia e não se tem registro de nenhum fato
que desabonasse a conduta dele", afirma o comandante.
O coronel diz
que a corporação instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD)
para apurar o caso. O prazo de conclusão é 40 dias. Segundo a assessoria
da PM, o soldado pode receber advertência, ser preso ou expulso, se for
considerado culpado, ou ter o processo arquivado, se for inocente.
Também é apurado se o soldado atuava como segurança da banda. O estatuto
da PM exige exclusividade.
Laudo - O
Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Feira de Santana liberou, nesta
sexta, o laudo com os resultados dos exames feitos nas roupas das duas
adolescentes que acusam os músicos. Mas o delegado Marcelo Cavalcante
não quis falar sobre o conteúdo do documento e não fez comentários sobre
a decisão de indiciar ou não os envolvidos. "Na segunda-feira, o
inquérito irá para a Justiça. Aí, eu poderei me pronunciar. Se falar
agora, estarei fazendo um pré-julgamento, uma vez que o laudo é peça
importante na decisão", frisou.
Os nove músicos continuam detidos no presídio de Feira de Santana.
As informações são do A Tarde.
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