Longe dos gramados, Andrade tem aproveitado tempo disponível para aprimorar o trabalho como treinador (Foto: Reprodução SporTV)
Longe dos holofotes de quem acompanha o
futebol, mas com a mesma fala mansa e cordialidade que marcaram os seus longos
anos de experiência nos gramados, Andrade, ídolo do Flamengo como jogador e
técnico, continua resistindo às barreiras do tempo e buscando forças para
superar as dificuldades da profissão. O comandante, desempregado desde junho quando se desligou do São João
da Barra, tem se dividido
entre palestras, estudos para aprimorar o trabalho e até
mesmo usado sua imagem forte para servir como garoto propaganda em lançamentos
de algumas lojas esportivas pelo país.
Sem
constrangimento, o técnico abre o jogo para revelar como está a vida nos
últimos meses e como tem feito para se manter atualizado.
-
Nesse período em que estou parado tenho procurado me atualizar muito.
Estou acompanhando todos os jogos que posso para não perder nada. Estou
procurando ver o que está acontecendo de diferente no Brasil e lá fora.
Tenho participado também de alguns eventos, algumas palestras sobre
futebol, e participado de lançamentos de lojas e algumas competições.
Semana passada estive em Brasília participando de um evento, esta semana
estou no Rio. Assim tem sido - declarou.O último trabalho de Andrade foi à frente do São João da Barra. O treinador comandou a equipe sanjoanense na Série B do Carioca e disputou 16 partidas, obtendo um saldo de 10 vitórias, três empates e três derrotas. Apesar dos números favoráveis, na ocasião, o clube não conseguiu o tão sonhado acesso. O que não deixa de ser um saldo positivo, conforme afirma o treinador.
Último trabalho de Andrade foi à frente do São João da Barra, na Série B do Rio
(Foto: Fabio Menezes-ASCOM ECSJB)
-
Meu último trabalho foi no São João da Barra. Eu tive uma experiência
positiva no clube, apesar de não ter conseguido o acesso. Fomos os
campeões do interior (título dedicado à melhor equipe do interior do
estado da Série B do Carioca) e conseguimos vencer todos os jogos em
casa. Revelamos também alguns jogadores da base. Por isso, avalio que
foi uma experiência positiva.Em todo esses três meses longe da beira do campo, Andrade conta que foi procurado apenas por uma equipe desde então. Trata-se do Mamoré, time que vai disputar o Campeonato Mineiro de 2015. Porém, segundo o treinador, o clube apenas o contatou e a conversa ainda não evoluiu devido à distância para o início dos trabalhos.
- Houve apenas uma procura nesse período. Foi do Mamoré, clube de Minas. Conversei com um coordenador do clube. Mas conversamos e o contrato é só para comandar o time no começo de 2015. Foi uma conversa inicial apenas. Por enquanto, algo frio. Apenas um contato mesmo - disse.
dança das cadeiras é prejudicial
Andrade elogia diretoria do Cruzeiro pela manutenção do técnico Marcelo Oliveira no clube (Foto: Fabio Menezes-ASCOM ECSJB)
Com
a experiência de ter conduzido o Flamengo ao título do Brasileirão de
2009 na bagagem, Andrade se posiciona sobre a sucessiva troca de
treinadores no Brasil para exaltar a instabilidade da profissão. Somente
na Série A do Brasileiro, em 19 rodadas disputadas, 18 técnicos já
foram substituídos. Números que levam o comandante a parabenizar a
postura dos dirigentes do Cruzeiro em manter Marcelo Oliveira à frente
da equipe por um longo período. De acordo com Andrade, a explicação para
o sucesso da Raposa tem forte ligação com a manutenção do treinador.- Essa sucessiva troca de treinadores que estamos vendo no Brasil faz parte da cultura do país. Já vem acontecendo há muitos anos. Eu costumo dizer que todos os treinadores são apenas interinos, porque não param nos clubes. São poucos os que conseguem ter uma sequência. Se você consegue o resultado positivo, é o melhor. Mas se perde dois ou três jogos, é demitido. A exceção hoje é o Cruzeiro, com o Marcelo Oliveira. E os números estão aí para mostrar o que é manutenção do trabalho. Os resultados aparecem - concluiu.
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